Redação Publicado em 27/10/2021, às 13h00
Uma meta-análise realizada por pesquisadores iranianos e divulgada em julho pelo The International Journal of Clinical Practice traz resultados apontando que pacientes com deficiência de vitamina D apresentam risco maior de desenvolver Covid-19 na forma mais grave.
Embora seja difícil comparar as estatísticas globais dos desfechos da Covid-19, está claro que a taxa de mortalidade é maior em muitos países, como Estados Unidos, Brasil e Índia. Vários fatores estão envolvidos, como idade, qualidade do sistema de saúde, estado geral de saúde, status socioeconômico, etc.
Após meses de investigação sobre a nova doença, vários fatores, como sexo masculino, idade avançada, doenças cardiovasculares, hipertensão, doença pulmonar crônica, obesidade e doença renal crônica, são propostos como de risco para a deterioração dos desfechos dos pacientes com Covid-19.
Curiosamente, uma das condições que levaram à maioria dos fatores de risco considerados é justamente a deficiência de vitamina D. Estudos indicaram que doenças malignas, diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares estão significativamente relacionadas a essa carência.
O estudo contou com 1.382 artigos encontrados em bancos de dados e, após exclusão de documentos duplicados e triagem da primeira etapa com base no título e resumo, 121 artigos foram avaliados para elegibilidade. Finalmente, 23 artigos, que somavam 11.901 participantes, foram inseridos nessa meta-análise. A maioria das pesquisas relatava um risco maior de desenvolver a infecção para estágios graves e morte em pacientes com baixos níveis de vitamina D.
Além disso, as intervenções clínicas com vitamina D demonstraram um risco significativamente reduzido de infecção do trato respiratório, proposto como uma abordagem profilática ou de tratamento pela OMS ainda em 2017. Os resultados da meta-análise indicaram que as chances de infecção com Sars-CoV-2 aumentam 3,3 vezes em indivíduos com deficiência de vitamina D. Já a probabilidade de desenvolver estágios graves da doença seriam 5,1 vezes maior em pacientes com deficiência desse nutriente.
Além disso, foi descoberto que aproximadamente 43% dos pacientes infectados com Sars-CoV-2 sofriam de deficiência de vitamina D, que também era insuficiente em cerca de 42% deles. Porém, o fato de haver deficiência de vitamina D não afetou substancialmente as taxas de mortalidade em tais pacientes.
A conclusão foi a de que pacientes com níveis mais baixos ou com deficiência de vitamina D apresentam maior risco de desenvolver a doença na forma grave. Mesmo nos estudos relatando essa deficiência como um dos fatores críticos nos desfechos clínicos de pacientes com Covid-19, parece que a falta do nutriente também pode estar fortemente relacionada a fatores de riscos básicos subjacentes e doenças em tais pacientes.
Males como hipertensão, doenças cardiovasculares, doença renal crônica, diabetes, obesidade e doenças respiratórias foram as comorbidades mais frequentes encontradas em pessoas com Covid-19.
Para Durval Ribas Filho, presidente da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia), pelos resultados mencionados na meta-análise, é plausível que tanto a deficiência de vitamina D quanto as doenças de base, como hipertensão, doenças cardiovasculares e renais crônicas, diabetes, obesidade e patologias respiratórias possam piorar o estado desses pacientes mais do que o de outros.
Outro papel potencial da vitamina D, segundo o estudo, é reduzir a inflamação induzida após a infecção pelo Sars-CoV-2, suprimindo citocinas inflamatórias e reduzindo a infiltração de leucócitos. Além disso, de acordo com as evidências disponíveis para infecções e malignidades, a vitamina D pode aumentar a resposta sorológica e o desempenho dos linfócitos T CD8+, ou seja, da proteção imunológica, contra a Covid-19”, afima o médico.
Os pesquisadores, no entanto, admitem que outros grandes ensaios clínicos após uma meta-análise abrangente devem ser levados em consideração para se obter resultados mais confiáveis.
A formação da vitamina D no organismo se dá de algumas formas. A mais conhecida é a exposição solar, mas, para isso, é necessário se expor por, no mínimo, 15 minutos diários, de preferência entre 10 e 14 horas, momento de maior presença dos raios UV, responsáveis por ativar o metabolismo de formação dessa vitamina a partir da pele. A exposição deve ocorrer com. pelo menos, os braços descobertos, sem o uso de protetores solares, que atrapalham a sintetização da vitamina D.
Prefira alimentos como peixes gordurosos (salmão, atum, truta), óleo de fígado de bacalhau e cogumelos secos. Leite, ovos e fígado bovino também têm a vitamina, mas em menor quantidade. Além disso, esse micronutriente pode ser reposto por meio da suplementação.
É preciso deixar claro que mesmo após o estudo mostrar que a vitamina D pode ser uma aliada contra a Covid-19, sua suplementação deve feita com recomendação médica”, finaliza Ribas Filho.
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