Pesquisa sugere que o tratamento pode provocar efeitos positivos na saúde mental dos pais
Redação Publicado em 27/05/2021, às 21h30
Crianças com transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) são, geralmente, tratadas com medicamentos e/ou terapias comportamentais. No entanto, só a medicação é insuficiente para um quarto a um terço dos pacientes.
Por essa razão, pesquisadores da Universidade Radboud (Holanda) investigaram se uma intervenção baseada em mindfulness – atenção plena, em português – teria um efeito positivo em crianças que não responderam de forma efetiva a outros tratamentos de TDAH. De acordo com a equipe envolvida, esse tipo de abordagem pode provocar efeitos positivos sobre os sintomas psicológicos e comportamento de pais e filhos.
O mindfulness ou atenção plena é um conjunto de técnicas, que, se postas em prática, permitem focar no momento presente e evitar que o passado ou futuro interfiram, liberando a mente de possíveis entraves e influências negativas. Dessa forma, o praticante passa a viver de forma mais consciente do momento presente, das sensações e sentimentos envolvidos.
Para o estudo, foram comparados dois grupos compostos por crianças de oito a 16 anos. Um recebeu apenas o atendimento regular, enquanto o outro passou pela intervenção baseada em mindfulness com, pelo menos, um dos pais. Todos os participantes realizaram o treinamento por um período de oito semanas.
Uma das surpresas para os pesquisadores foi que, além das crianças, os pais também se beneficiaram dessa abordagem. Segundo os resultados, houve um aumento da paternidade consciente, da autocompaixão e melhora da saúde mental, sendo esses efeitos ainda mais visíveis seis meses após o término do tratamento.
No caso dos filhos, apesar de não ter sido observado impactos significativos sobre os sintomas do TDAH como a ansiedade, uma em cada três crianças melhorou de forma expressiva o autocontrole, enquanto apenas uma em cada dez obteve melhora no grupo que seguiu o atendimento regular.
De acordo com os autores, intervenções para crianças com TDAH normalmente não visam a saúde mental dos pais, embora muitas vezes eles lutem com o estresse parental, a ansiedade ou próprios sintomas do transtorno. Além disso, muitas famílias relataram melhorias importantes nas relações familiares, bem como na percepção e aceitação do TDAH.
Também conhecido como Distúrbio do Déficit de Atenção (DDA), o transtorno é reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e está presente em até 5% das crianças ao redor do mundo. Entre os sintomas, estão desatenção, hiperatividade e impulsividade.
"As crianças são tidas como “avoadas”, “vivendo no mundo da lua” e geralmente “estabanadas” ou “ligados por um motor” (isto é, não param quietas por muito tempo). Os meninos tendem a ter mais sintomas de hiperatividade e impulsividade que as meninas, mas todos são desatentos. Já nas meninas é mais comum que a desatenção predomine.
Crianças e adolescentes com TDAH podem apresentar mais problemas de comportamento, como, por exemplo, dificuldades com regras e limites", explica o site oficial da Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA).
Segundo a ABDA, estudos mostram que a prevalência do TDAH é semelhante em diferentes regiões, ou seja, o transtorno não tem relação com fatores culturais, com o modo como os pais educam os filhos e nem é derivado de conflitos psicológicos.
Entre as causas investigadas que podem causar o transtorno, estão: hereditariedade; substâncias ingeridas na gravidez, como álcool e nicotina; sofrimento fetal e exposição ao chumbo.
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