É preciso lembrar que eles precisam de cuidados especiais e de muita atenção nestes períodos
Cármen Guaresemin Publicado em 22/12/2022, às 12h00
Fim de ano sempre traz ansiedade e correria, seja para administrar as compras de presentes e itens para a ceia, ou decorar a casa para receber as visitas e ainda planejar as tão sonhadas férias. E como os animais de estimação são como integrantes das famílias, eles acabam participando tanto dos festejos quanto das viagens. Porém, é preciso lembrar que eles precisam de cuidados especiais e de muita atenção nestes períodos.
Nesta época do ano não é difícil que cães e gatos cheguem às clínicas veterinárias, especialmente as que funcionam 24 horas e têm atendimento de emergência, com problemas que poderiam ser evitados se os tutores ficassem mais atentos, como machucados e intoxicação alimentar.
Enfeites de Natal: eles provocam a curiosidade dos animais, que podem vir a mastigar e a ingerir os objetos. O brilho de alguns itens de decoração natalina é muito atraente para cães e gatos, que podem querer brincar e acabar danificando os acessórios. O ideal é evitar decorações que possam se partir e que, ao serem ingeridas, provoquem obstruções ou perfurações intestinais.
Pisca-pisca: fios elétricos devem ficar fora de alcance, pois o pet pode levar choque ou se queimar ao encostar a língua e o focinho; podem também gerar alterações neurológicas ou de metabolismo e até enforcamento. Opte por guirlandas ou objetos de pano ou pelúcia, almofadas e itens maiores, que não possam ser engolidos ou derrubados; evite também os que podem se quebrar facilmente.
Árvore de Natal: evite a aproximação dos cães. Basta montá-la em cima de móveis, por exemplo. Os gatos, no entanto, não possuem essa limitação, por isso, é preciso ter um pouco mais de paciência. Uma ideia é montar tudo aos poucos e bem antes do período de Natal, para que eles se acostumem com a presença dos objetos no ambiente. Funciona como um adestramento e a exposição gradativa diminui o interesse dos felinos, que passam a entender que aquele cenário é parte do dia a dia deles. Ainda assim, é preciso ficar de olho para que não ocorra nenhum acidente. Outra sugestão é oferecer brinquedos adequados. Com paciência e tempo, é possível desviar a atenção dos animais e atraí-los para uma outra brincadeira.
Local seguro e acolhedor: para evitar o desconforto e a agitação para o animal durante o momento de chegada e saída de pessoas nos dias de festas, procure um espaço confortável e mais isolado para que ele se sinta seguro, evitando a ansiedade e fugas. Para que não se sinta deslocado, é importante que o espaço escolhido seja familiar e que a tigela de água, de alimento, a caminha e o local para suas necessidades estejam acessíveis. Vale a pena também colocar brinquedos.
Longe da sujeira: é importante prestar atenção a objetos que o pet pode engolir. Copos plásticos, guardanapos e toda a sujeira devem ser sempre jogados no lixo para que não gerem um problema sério caso ele venha a engolir algo. Também é necessário observar a proximidade de crianças pequenas, que podem oferecer comida, enfeites ou embrulhos, como uma forma de brincadeira ao pet, que pode engolir e passar por problemas. Aliás, a cada presente aberto, é mais papel espalhado pela casa e mais risco de o animal querer brincar com os pacotes e até fitilhos. Fitas e sacolas são um perigo para eles, aliás, eles não são brinquedos e, caso ingeridos, talvez seja necessário cirurgia para a retirada e, em alguns casos, o bichinho pode chegar a óbito!
Não compartilhe alimentos: parece um carinho para aqueles olhos “pidões”, mas nem tudo o que é bom para nós é bom para eles. Além de uma pequena porção de comida poder ultrapassar as necessidades energéticas diárias dos pets, alguns alimentos causam alterações gastrointestinais, que podem ser discretas ou graves. Esses alimentos são tóxicos para eles: cebola, uva, alho, chocolate, nozes, frutas secas, peru, doces, panetone, bacalhau, entre outros. Além disso, as aves natalinas possuem ossos que também podem ocasionar problemas.
A mesa da ceia: é preciso ficar de olhos bem abertos para evitar que os animais subam nas mesas ou bancadas e “roubem” comida. Atente-se para evitar que pequenos alimentos caiam no chão, facilitando o acesso. A uva, por exemplo, pode causar lesões renais e o caroço da cereja contém uma substância que, dentro do corpo, transforma-se em cianeto, um químico venenoso que pode causar intoxicação e prejudicar o transporte de oxigênio celular.
Bebidas alcoólicas: pode parecer muito difícil de acreditar, mas muitos pets chegam à emergência do hospital veterinário nesta época do ano em coma alcoólico. Isso acontece porque as pessoas costumam esquecer copos com bebidas em lugares de fácil acesso. O álcool é absorvido pelo organismo dos bichos e metabolizado pelo fígado rapidamente, o que causa náuseas e vômitos, problemas respiratórios e pode levar até ao coma.
O que eles podem comer: cães e gatos podem comer alguns vegetais, como abobrinhas, cenoura, chuchu, beterraba e couve. E frutas, como abacaxi, mamão, mirtilo, morango e framboesa. Carne de peixe e frango podem ser oferecidas, desde que cozidas, nunca cruas, e sem temperos. Gatos e cães só tomam leite na ficção, na vida real, eles só fazem isso enquanto são bebês – e leite de mães de suas respectivas espécies. O organismo dos gatos, por exemplo, passa a produzir pequenas quantidades da lactase, não sendo suficiente para quebrar toda a quantidade de lactose presente no leite de vaca. Lembre-se de que há muitos petiscos feitos especialmente para eles à venda em pet shops e supermercados. Compre sempre de marcas conhecidas.
Sim, as férias chegaram e além de pensar no que levar na sua mala, se for viajar com o cão ou gato, é preciso pensar na mala deles também, ou melhor, no que eles precisam para poderem se locomover em aviões, ônibus ou mesmo no carro com a família. O primeiro item da lista quando falamos em viagem é uma visita ao médico-veterinário. A avaliação de um profissional é fundamental para promover o bem-estar do animal.
Focinho na janela e pelos ao vento. Parece fofo, mas é sobretudo perigoso. Quando ficam com a carinha na janela do carro, os pets podem se assustar e, em algum momento, pular. E o vento forte até produz um certo charme, mas compromete a saúde do bichinho. Ao tomar fortes correntes de ar, o pet pode contrair inflamação no conduto auditivo e úlceras de córnea. É possível baixar um pouco os vidros ou ligar o ar-condicionado para que ele não sofra tanto com o calor, mas expô-lo ao vento forte, definitivamente, não é recomendável.
De acordo com os veterinários, é preferível evitar fazer viagens longas de carro com pets. Se for realmente necessário viajar com ele, é importante fazer várias paradas durante o percurso para que ele possa se hidratar, defecar e urinar. O ar-condicionado do veículo pode ajudar a manter o pet mais estável, mas o ideal é viajar nas horas mais frescas do dia ou à noite.
Na hora de optar pela temperatura é importante considerar o bem-estar do animal em primeiro lugar. Assim, o ideal é deixar o ambiente com um clima neutro - nem quente, nem muito frio. Deve-se ter cuidado em não oferecer grandes quantidades de alimento antes e durante a viagem para evitar vômitos. Também é preciso ter cuidado com as moscas de modo geral, especialmente na praia. Em regiões alagadas há o famoso verme do coração. Neste caso, dá para medicar o pet antes de ir viajar, basta consultar o veterinário para evitar problemas.
Muitos bichinhos amam andar de carro, mas quando o percurso é um pouco mais longo do que estão acostumados, é preciso ter cuidados específicos. Além do cinto de segurança para cães, a caixa de transporte para gatos, que promove conforto e segurança, também precisa ficar presa no cinto de segurança. Outra dica é utilizar as capas protetoras pet para carro, este item pode tornar o passeio de carro com seu animal de estimação muito mais agradável. São confeccionadas em tecido para deixar seu pet todo confortável, e os modelos impermeáveis conferem segurança - além de não deixarem o cãozinho escorregando no banco, também protegem as portas do carro.
E sempre tenha em mãos as medicações prescritas pelo veterinário. Um modo de tentar controlar a agitação do bichinho e deixar o percurso mais confortável para ele é levar alguns de seus brinquedos preferidos no veículo. Isso fará com que ele se sinta em casa. Além disso, caso seja necessário, é possível encontrar calmantes naturais, específicos para animais, em pet shops.
As regras para embarque são diferentes entre os estados brasileiros, mas duas valem para todo o território nacional: para embarcar com animais em ônibus de viagem é preciso apresentar atestado de saúde do animal com comprovação da vacina antirrábica e ele deve ser transportado em caixas apropriadas. Se o pet não tem hábito de passear dentro das caixas, prepare o terreno. Faça passeios antes para que ele se acostume com a caixa e não se estresse durante a viagem.
Em São Paulo, cada ônibus intermunicipal leva apenas dois bichinhos por viagem. Os animais devem ter até oito quilos e ficar no banco ao lado do tutor, que paga pelo assento extra. Exceção feita aos cães-guia. O tutor deficiente visual pode embarcar com seu cão-guia independente do peso do animal e da tarifa. Como as regras dependem de legislações distintas, é importante fazer contato antes com as empresas de transporte para evitar contratempos.
As viagens de avião com os pets são sempre motivo de preocupação, então é preciso estar atento às regras da companhia e também às legislações do lugar de destino – especialmente em viagens internacionais. Atestado de saúde e carteira de vacinação atualizadas são obrigatórios, mas também não se esqueça do conforto deles. As caixas de transporte precisam ter espaço suficiente para que possam se movimentar - e isso vale tanto para os animais que têm porte para viajar com o tutor quanto os que vão viajar nos porões da aeronave. Também identifique o pet com todos os dados e telefone.
Assim como devemos andar com RG e carteira de habilitação, por exemplo, alguns documentos são imprescindíveis para se locomover com pets. Um deles é a carteira de vacinação do animalzinho, que precisa estar devidamente atualizada. Também é preciso ter sempre à mão o atestado de trânsito, emitido pelo médico veterinário.
O primeiro passo é verificar se o espaço escolhido tem boas referências. Opte pelos já indicados por outros tutores que você conheça. Verifique as condições de higiene, se há espaços adequados ao porte do seu pet e cheque se há atendimento de emergência. Visite o lugar antes com o seu pet e passe um tempo com ele para que se adapte. No dia que for deixá-lo, leve os brinquedos que ele mais gosta e ao menos uma peça de roupa sua para ele se sentir confortável. E não esqueça de levar a alimentação com a qual ele está acostumado.
No Brasil, já existem diversas opções de hotéis, pousadas e outras hospedagens preparadas para receber seu amigo animal. Caso vá para um lugar com piscina ou rio, é preciso que os mergulhos sejam feitos com supervisão, mesmo que o pet saiba nadar. Além disso, é preciso cuidados com pele e pelo para evitar as dermatites e, claro, atenção especial às orelhas. O excesso de umidade pode estimular o surgimento das otites, por isso, a melhor maneira de prevenir o problema é higienizar a área com o uso de algodão e com loções especiais para a limpeza, mantendo-as sempre secas e em condições ideais de umidade.
Os gatos não são grandes fãs de viagens. Por serem animais territorialistas, eles não apreciam movimentações diferentes, ambientes estranhos e pessoas desconhecidas. O ideal é deixá-los sob os cuidados de um pet sitter ou contar com alguém de sua confiança que possa ir em casa trocar a água, colocar comida e limpar as caixinhas de areia diariamente. Caso o animal acompanhe o tutor no passeio será necessário investir em medidas que diminuam o estresse, como usar feromônios espécie-específicos e acostumá-los a usar a caixa de transporte com antecedência. Para os idosos, a recomendação é evitar as viagens, pois o estresse do transporte e do novo ambiente pode ser desgastante demais para os gatos e ocasionar sérios problemas de saúde.
Atenção a estes pontos:
Vacinação: é preciso garantir que todas as vacinas estejam em dia. Atenção especial a essas: V8, antirrábica, contra gripe e contra giárdia/giardíase.
Coleira repelente e antiparasitários: quando o assunto é leishmaniose, a coleira repelente é indispensável. A doença é mais comum no verão, pois as altas temperaturas são ideais para a proliferação do vetor da doença, o mosquito Palha. As altas temperaturas também geram aumento na proliferação de parasitas como pulgas e carrapatos, por isso, é necessário escolher também qual antiparasitário é o ideal para o seu pet.
Vermifugação: além da administração do vermífugo, pode ser indicado realizar um exame parasitológico das fezes.
Verme do coração: a dirofilariose, conhecida como Doença do Verme do Coração, é comum nos períodos mais quentes também por conta do cenário ideal à proliferação de carrapatos e do mosquito vetor. O ideal é prevenir a picada do mosquito vetor e fazer a desparasitação com o médico-veterinário.
Medicamentos: vale ressaltar que se o animal faz uso de alguma medicação é indicado levar uma quantidade um pouco maior do que a necessária para os dias que irão passar longe de casa, dessa forma, caso haja qualquer imprevisto, o animal não corre o risco de ficar sem o medicamento.
Fontes: Amahvet; Animal Place; Eduardo Pacheco, médico-veterinário; Fernanda Ambrosino, médica-veterinária; Fernanda Duran, médica-veterinária; Hospital Veterinário Anhembi-Morumbi; Hospital Veterinário Cão Bernardo; Karina Mussolino, médica-veterinária; Otávio Verlengia, médico-veterinário; Royal Canin.
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