Diminuir exposição às telas eleva status de felicidade em crianças

Pesquisadores sugerem que atividades extracurriculares permitem que crianças desfrutem de maior felicidade e saúde

Redação Publicado em 23/06/2022, às 14h00

Até mesmo fazer lição de casa pode ser mais benéfico para o bem-estar das crianças do que as telas - iStock

Quando crianças estão envolvidas em atividades extracurriculares elas parecem ser mais propensas a se sentirem felizes e saudáveis do que os colegas que passam muito tempo em frente às telas. Essa é uma descoberta de um novo estudo realizado pela Universidade do Sul da Austrália em parceria com o Departamento de Educação do país.

Publicada na BMC Pediatrics, a pesquisa analisou dados de mais de 61 mil estudantes, avaliando a frequência de dias por semana em que as crianças participaram de atividades pós-escola (que incluíam lição de casa, artesanato, aulas de música, esportes individuais ou em grupo, sair com os amigos, redes sociais, videogame, televisão, entre outros).

Logo depois, foi feita uma comparação das respostas do levantamento em relação a fatores de bem-estar, como felicidade, tristeza, preocupação, engajamento, perseverança, otimismo, regulação emocional e satisfação com a vida. 

Segundo os resultados, a maioria dos estudantes assistia à televisão cerca de quatro dias da semana escolar e passava, aproximadamente, três dias nas redes sociais.

Para os autores, o estudo destaca como algumas atividades fora da escola podem impulsionar o bem-estar das crianças enquanto outras – particularmente telas – podem afetar a saúde mental e física.

Qualquer tipo de atividade conta 

Os pesquisadores explicam que é essencial ajudar as crianças a desenvolverem uma boa sensação de bem-estar pessoal, especialmente aquelas em idade escolar primária. Entretanto, é igualmente importante para os adolescentes que estão enfrentando uma série de mudanças físicas, sociais e emocionais.

As telas são uma grande distração para jovens. Segundo a equipe, podemos pensar que é a falta de exercício físico que está provocando essa redução do bem-estar dos pequenos, mas o que a pesquisa mostra é que fazer lição de casa ou ler – ambas atividades sedentárias – também contribuem positivamente para essa questão.

Confira:

Para os pesquisadores, essa constatação sinaliza a importância de encontrar maneiras de incentivar crianças a se envolverem em atividades que as mantenham longe das telas. Ainda segundo os autores, esse é certamente um desafio, especialmente porque a maioria dos jovens de hoje foi criada em dispositivos. Mas se as famílias ficarem mais conscientes das questões associadas às telas, talvez seja mais fácil encontrar um melhor equilíbrio.

Diferenças socioeconômicas também importam

A pesquisa também destaca diferenças entre crianças que vieram de baixa e de alta formação socioeconômica. De acordo com os achados, estudantes de menor nível socioeconômico que praticavam esportes com frequência tinham 15% mais chances de serem otimistas, 14% mais propensos a serem felizes e satisfeitos com suas vidas e 10% mais propensos a regularem suas emoções.

Ao observar as crianças de alta formação socioeconômica que eram ativas, 29% apresentaram mais chances de pontuar mais alto no otimismo, 34% em felicidade e 23% em satisfação com a vida.

Por outro lado, aqueles jovens de menor nível econômico que jogavam videogame e usavam as mídias sociais quase sempre tinham níveis mais baixos de bem-estar: até 9% menos chances de serem felizes, até 8% para serem menos otimistas e 11% mais propensos a desistirem das coisas.

Ou seja, os dados sugerem que as atividades pós-escolares diferem de acordo com o status socioeconômico. Crianças de alto nível socioeconômico faziam esportes com mais frequência, além de lição de casa e de leitura, enquanto aquelas de baixo status socioeconômico realizavam mais atividades baseadas em tela (TV, videogames e mídias sociais), colocando-as em maior risco de uma queda no bem-estar. 

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