Da Redação Publicado em 26/11/2020, às 19h52
Mariana Belém fez um relato sobre um abuso sofrido, aos 7 anos, durante uma campanha sobre o assunto, na última quarta-feira (25).
A empresária afirmou que demorou cerca de 17 anos para falar do trauma com a mãe, Fafá de Belém.
“Algo me fez correr porque achei errado um homem, que deveria cuidar de mim, estar passando a mão dentro do meu biquíni, colocando a minha mão no pênis dele e pedindo para eu ‘dar beijo’ naquela parte do corpo dele. Algo fez minha mãe chegar enquanto eu corria dele. Algo ali me salvou de algo pior. Levei 17 anos para contar por alto. E esses detalhes grotescos acima eu só contei quando moramos juntas durante essa pandemia (33 anos depois do ocorrido)”, escreveu ela nas redes sociais.
Mariana disse que recorreu à terapia para conseguir verbalizar o que havia acontecido.
“Eu lembro do quarto, eu lembro da casa, eu lembro do exato momento em que minha mãe entrou na casa, de detalhes, das frases. Trabalhei isso ao longo da vida, com psicopedagoga, lendo sobre e, a não ser por anos respondendo raivosa e xingando homens que mexiam comigo na rua (e isso foi trabalhado depois de adulta), consegui não viver com traumas maiores. Mas nunca esqueci. E quem não teve terapia? Informação? Uma mãe confidente? Se nem eu consegui contar pra minha, sempre aberta a conversar sobre tudo…”
Ela aproveitou a oportunidade para agradecer a escritora Ana Paula Araújo, autora do livro “Abuso: a cultura do estupro no Brasil” que fala sobre o tema que faz parte da campanha. Segundo Mariana, a leitura foi o que a incentivou a fazer a publicação:
“Seu livro me fez conseguir contar isso publicamente pela primeira vez na vida e te agradeço por isso. Quando você chorou me ouvindo te contar, pensei: “será que meu relato pode encorajar outras pessoas? Ou ao menos confortar quem também ficou quieta por medo e vergonha? Será que meu relato pode abraçar outras pessoas?” Tomara”, finalizou.
Situações como as vividas por Mariana podem gerar consequências para toda a vida. Seja no âmbito da saúde física ou mental.
Experiências traumáticas na infância podem prejudicar a capacidade de lidar com situações difíceis ao longo da vida. Ao chegarem à idade adulta, essas pessoas também podem buscar estratégias de enfrentamento nocivas à saúde, como tabagismo, álcool ou compulsão alimentar.
Por isso é muito importante que a pessoa conte com ajuda profissional para lidar com o trauma, como fez Mariana.
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