Foi vítima de ghosting? Saiba que você não está só

Estudo com 1.500 pessoas mostra que dois terços já passaram por essa situação

Redação Publicado em 13/02/2023, às 16h00

A ausência de um término claro para a relação pode deixar alguma esperança acesa...e mais raiva - iStock

Você ou alguém que você conhece já foi vítima de “ghosting”? É bem provável que sim. Segundo uma pesquisa sobre o fenômeno, ter um relacionamento encerrado com um sumiço sem qualquer explicação não só é extremamente comum, como também é uma experiência "assustadora".

Com o enorme papel que a comunicação eletrônica exerce na vida das pessoas, somada à facilidade em se marcar encontros por meio de aplicativos, o ghosting virou uma estratégia comum para se terminar um relacionamento. Virar fantasma, ou seja, não aparecer, nem responder mais às mensagens ou ligações é o caminho mais fácil para se livrar de alguém sem ter que "encarar" a pessoa, ainda que "encarar" hoje signifique enviar uma mensagem para dizer que deseja romper. 

No início, é comum que a vítima fique na dúvida sobre o que está acontecendo, e a ausência de um término claro para a relação pode deixar alguma esperança acesa, e essa ambiguidade só aumenta a raiva e a frustração. 

Prevalência do ghosting

Pesquisadores da Universidade da Geórgia e do Mississippi, nos EUA, decidiram estudar as consequências, e também características que podem influenciar uma pessoa a adotar o ghosting para sair de uma relação. Em três experimentos diferentes, eles ouviram mais de 1.500 adultos jovens sobre o assunto.

Do total de entrevistados, dois terços, ou seja 75%, já tinham sido vítimas de ghosting, o que confirma o quão comum é o fenômeno.

Os participantes do estudo foram convidados a refletir sobre um relacionamento passado em que foram rejeitados, seja por ghosting ou de maneira direta. Depois, tinham que responder a uma série de perguntas sobre a satisfação com o relacionamento e sensações como pertencimento, autoestima, sentido para a vida etc.

Alguns sofrem mais

As respostas mostraram que os participantes que foram vítimas de ghosting foram os mais afetados por sensações negativas. Por outro lado, essas pessoas também foram a que mais se sentiram bem ao se lembrar dos momentos em que foram reconhecidos pelas parcerias.

Como esperado, os pesquisadores perceberam que algumas pessoas sentem uma necessidade maior de um término claro, e elas são as que mais sofrem quando a parceria desaparece sem maiores explicações.

Fizeram comigo, faço também? 

Por incrível que pareça, pessoas que penaram com o ghosting foram ligeiramente mais propensas a usar o ghosting como estratégia para terminar um relacionamento. E, por mais que para as vítimas a situação fique ambígua, a pessoa que pratica o ghosting entende que sua atitude representa uma mensagem clara de que o relacionamento acabou.  Para os pesquisadores, esses resultados trazem um caminho interessante para pesquisas futuras.

O trabalho também mostrou que muita gente usa ghosting em relações de amizade. E as consequências, para as vítimas, são tão negativas, nesses casos, quanto nas parcerias românticas ou sexuais.

Os dados, publicados no Journal of Social and Personal Relationships, mostram que, infelizmente, evitar uma experiência desse tipo é impossível hoje em dia. Mas é possível que, com pesquisas desse tipo, as pessoas consigam se preparar melhor para enfrentar a situação com menos sofrimento no futuro.

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