Redação Publicado em 19/08/2021, às 10h00
Você já se perguntou o que faz uma relação durar? Será que existem alguns sinais, logo no começo, que podem mostrar que o relacionamento vai funcionar? Bom, de acordo com uma pesquisa publicada no Frontiers in Psychology, sim, é possível prever a qualidade de uma relação.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores analisaram possíveis preditores da qualidade do relacionamento amoroso durante a pandemia e mediram vários preditores da qualidade do relacionamento.
“Mostramos que o estilo de apego dos participantes é o mais importante (mas não o único) preditor de um bom relacionamento durante esses tempos instáveis, enquanto fatores externos (como a gravidade do isolamento em um determinado local) têm pouca ou nenhuma influência”, comentou Stephanie J. Eder, primeira autora do artigo.
No estudo, foram analisados 533 adultos ao longo de um período de sete semanas na primavera de 2020, conforme o isolamento foi implementado na Áustria, Polônia, Espanha e República Tcheca.
Além de examinar a qualidade do relacionamento, eles também analisaram outros aspectos psicológicos da pandemia, incluindo o quanto as pessoas temiam o vírus e se uma ameaça existencial tem ou não efeitos no pensamento dentro e fora do grupo.
Embora o estilo de apego seja geralmente conhecido por influenciar a qualidade do relacionamento, Eder diz que sua pesquisa mostra o impacto que os estilos de apego têm durante a crise pandêmica em relação a outros fatores também.
“Aparentemente, são as características psicológicas internas que mais afetam a qualidade do relacionamento, não os fatores externos”, diz Eder. “Normalmente, essas representações e tendências internas são particularmente ativadas sob estresse, o que pode ter se agravado durante a pandemia.”
Primeiro, é importante entender que o apego é o vínculo emocional que se desenvolve com outra pessoa. A maneira como as pessoas aprendem a se relacionar é desenvolvida durante a infância com base em seu relacionamento com os pais ou responsáveis.
Assim, a forma como as pessoas reagem quando formam um relacionamento é chamada de “estilo de apego”.
Patrick Wanis, PhD, especialista em comportamento humano e especialista em relacionamentos, afirma que, embora o estilo de cada pessoa seja formado nos primeiros anos de vida, ele pode ser reforçado conforme você passa pelas fases da vida, como adolescência e idade adulta.
Ele acrescenta que, ainda que o estilo de apego se forme quando criança, geralmente se torna o estilo de apego com o qual você vive, a menos que você tenha uma intervenção específica e bem-sucedida, os relacionamentos também podem influenciar ou mudar seu estilo.
“Se você terminar em um relacionamento em que suas necessidades emocionais nunca são satisfeitas, a outra pessoa nunca se preocupa e é negligente, então você pode criar um estilo de apego diferente, não importa o que fosse antes”, diz ele.
“Quanto mais tempo você estiver em um relacionamento, maior será o impacto que terá sobre você em termos de seu estilo de apego”, observa ele. Mas, para resumir, de modo geral, os dois principais tipos de apego são seguros e inseguros.
Seguro é a capacidade de formar relacionamentos amorosos e seguros com outras pessoas.
“Você se sente seguro e confiante. Você sabe quem você é. Você gosta de quem você é. Você está relaxado como quem você é. Você permite que seu parceiro tenha o espaço de que precisa e independência, mas você também oferece suporte. Você também se sente bem se abrindo, confiando e sendo confiável. Você dá e recebe apoio, por isso é um relacionamento mutuamente benéfico”, explica Wanis.
Apego inseguro é um termo genérico que pode incluir ansiedade, esquiva e desdém.
Com apego inseguro, Wanis diz que uma pessoa é consumida pelo relacionamento, muitas vezes é ciumenta, insegura, possessiva e sensível ao fato de o relacionamento não estar dando certo.
A pessoa ansiosa pode sentir ansiedade por seu parceiro não atender às suas necessidades, bem como inseguranças de que eles próprios possam atrapalhar o relacionamento.
“A pessoa com este estilo se move em direção ao apego e à intimidade com ansiedade, então é uma preocupação constante com o relacionamento e às vezes pode chegar a ser pegajosa, carente, desesperada. Sua segurança no relacionamento muda dia a dia com base em como o parceiro responde a eles. Se o parceiro está fazendo com que eles se sintam bem e seguros no momento, eles se sentem bem”, diz Wanis.
Confira:
Eder acrescenta que os casos extremos de pessoas com apego inseguro geralmente também são acompanhados de ansiedade de separação.
“Mas, é claro, pode variar. As pessoas podem estar mais ou menos seguras, ansiosas ou evasivas ao longo da vida”, diz ela.
Uma pessoa com apego inseguro pode desejar entrar em um relacionamento e ter intimidade, mas quando experimenta isso, foge para evitá-la.
“Eles podem procurar motivos para encontrar falhas, para que possam deixar o relacionamento. Eles dirão: ‘Eu sou independente, não preciso de um relacionamento, sou totalmente auto suficiente’. Nada disso é verdade. Nossos cérebros são programados para conexão e pertencimento e para formar laços, relacionamentos e apegos”, diz Wanis.
Wanis diz que relacionamentos em que os parceiros expressam altos níveis de satisfação tendem a ser aqueles em que ambos têm um estilo de apego seguro.
O estilo de apego afetará os fatores que influenciam a satisfação no relacionamento, como conflito, acordo, tempo que passam juntos e satisfação sexual.
Wanis diz que em uma pesquisa on-line sobre o rompimento que está realizando, ainda em andamento, a razão número um pela qual homens e mulheres disseram que terminaram seu relacionamento foi por causa de conflitos ou discussões.
“Geralmente é um conflito de valores, mas discussões constantes podem ser causadas por estilos diferentes de apego. Então, se eu for inseguro em meu estilo de apego, posso ser mais ciumento, possessivo e controlador e teremos mais problemas e conflitos”, diz Wanis.
Por outro lado, quanto mais acordos as pessoas em um relacionamento tiverem, maior será a satisfação com o relacionamento.
“Os acordos podem ser sobre valores, hobbies, interesses, mas também se nossas necessidades estão sendo atendidas, então podemos avaliar o relacionamento melhor”, diz Wanis.
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