Forma de dar notícia ruim determina se reação será positiva ou negativa

Segundo o estudo, quando a pessoa sente que não tem controle sobre a situação, ela tende a desistir de tudo

Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h18 - Atualizado às 23h57

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Um estudo norte-americano mostra por que reagimos bem ou mal a notícias ruins, como ser reprovado em algum curso.

De acordo com o trabalho, publicado na revista  Neuron, a maneira como a notícia é dada e a consequente sensação de controle, ou não, sobre a situação determina que parte do cérebro vai lidar com o problema.

Assim, dependendo da área ativada, algumas pessoas vão decidir estudar mais da próxima vez, enquanto outras vão desistir do curso na mesma hora.

Segundo os autores do estudo, da Universidade Rutgers-Newark, os resultados são importantes para pessoas que são obrigadas a dar más notícias no dia a dia, como médicos, professores e especialistas em RH.

O exemplo citado pelos pesquisadores para ilustrar a descoberta é de um estudante que repete de ano. Ao receber o resultado da prova final, ele pode sentir que não teria falhado se tivesse estudado mais – algo sobre o qual ele tem controle. Essa maneira de encarar a notícia faz com que ele decida se esforçar mais no ano seguinte.

Já o aluno que encara o resultado ruim na prova como algo que aconteceu porque o professor foi injusto e mal-intencionado – ou seja, algo sobre o qual ele não tem controle – tende a desistir do curso.

Para chegar à conclusão, os pesquisadores fizeram exames de ressonância magnética no cérebro de voluntários enquanto eles executavam um jogo e perdiam. A forma como o resultado negativo era mostrada ora enfatizava fatores que eles eram capazes de controlar, ora aspectos que não tinham como controlar.

Nos casos em que os estudantes ficavam com a sensação de que poderiam melhorar no jogo seguinte, os exames mostravam uma atividade aumentada em uma parte do cérebro chamada de corpo estriado ventral, ligada a determinação de metas com base em experiências anteriores.

Já nos casos em que os voluntários desistiam de jogar, faltava atividade no córtex pré-frontal ventromedial, parte do cérebro que regula as emoções de forma mais flexível. Se essa área fosse estimulada, provavelmente os participantes teriam mais persistência.

Os pesquisadores comentam que, se o professor tivesse se sentado com o aluno que repetiu de ano para rever as questões e explicar as respostas, talvez o estudante percebesse que resolver a prova seria possível com um pouco mais de estudo.

Os resultados mostram que a sensibilidade e o bom senso na hora de dar uma notícia desagradável podem fazer toda a diferença, chegando até a determinar a carreira de alguém.

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