Todo ano, a Sociedade Brasileira de Urologia realiza uma campanha para lembrar algo que sempre reforçamos aqui no site: meninos devem ir ao urologista, da mesma maneira que as meninas costumam frequentar o consultório do ginecologista.
É na consulta com o especialista que os jovens podem tirar dúvidas muito variadas, dos sintomas de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) a alterações no pênis ou nos testículos que possam sinaliar alguma doença, passando por questões sobre puberdade e sexualidade. Veja, abaixo, alguns temas que os garotos podem discutir com o urologista numa consulta:
Segundo o Ministério da Saúde, as meninas, de um modo geral, vão muito mais ao médico do que os meninos. E quando se compara a ida delas ao ginecologista com a ida dos meninos ao urologista, a discrepância é enorme: elas realizam 18 vezes mais consultas do que eles!
Essa diferença, que tem impacto significativo na saúde da população masculina, é o que motiva a campanha #VemProUro, que está na 6ª edição.
“Durante a infância, há o acompanhamento do pediatra, mas após essa fase, enquanto as meninas passam a ser assistidas pelo ginecologista assim que entram na puberdade, o mesmo não acontece com os meninos”, comenta o presidente da SBU Alfredo Canalini. Ele acrescenta que, na adolescência, é fundamental avaliar o desenvolvimento genital para checar, por exemplo, a presença de doenças e esclarecer dúvidas que hoje eles buscam na internet, nem sempre com informações confiáveis.
Durante o mês de setembro, a SBU vai realizar lives e postagens em suas redes sociais (@portaldaurologia) para abordar temas de interesse para os adolescentes. No dia 11, às 20h, vão falar sobre álcool e cigarro eletrônico. Já no dia 25, a discussão será sobre sexualidade na adolescência.
O objetivo é mudar a cultura e promover medidas de prevenção para esse público. “Desta forma, em um futuro breve poderemos equiparar os cuidados de saúde dos garotos aos mesmo cuidados que as meninas há décadas têm de forma cultural e rotineira promovidos pelos ginecologistas assim que entram na puberdade”, esclarece Daniel Zylbersztejn, idealizador da campanha.
De acordo com diferentes pesquisas feitas no país, os jovens de 18 a 24 anos têm alta prevalência de experimentação de cigarro eletrônico (apesar da venda proibida). Também é esse o grupo populacional que mais consome álcool de forma abusiva (cinco doses ou mais por ocasião).
Outro problema que motiva a campanha da SBU são as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Pesquisa divulgada pelo IBGE, em 2022, mostra que de 2009 a 2019 o percentual de escolares que usaram preservativo na última relação sexual caiu de 69,1% para 53,5% entre as meninas e de 74,1% para 62,8% entre os meninos.
Sem proteção, os jovens ficam suscetíveis a infecções como a gonorreia e a clamídia que podem causar infertilidade, ao HPV (que é fator de risco para o câncer e pode ser evitado com vacina), à sífilis (que se não tratada pode gerar problemas cardíacos e neurológicos), ao HIV, a herpes etc.
Tatiana Pronin
Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY. Twitter: @tatianapronin