Gonorreia, sífilis e clamídia resistentes: não dá pra relaxar

Alerta da OMS sobre supergonorreia chama atenção para o risco de se negligenciar o uso da camisinha, inclusive no sexo oral

Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h48 - Atualizado às 23h54

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O avanço no tratamento da Aids fez com que mais gente tenha negligenciado o uso da camisinha, especialmente quando se trata de sexo oral. A consequência? O retorno de doenças antigas que trazem estragos enormes, como a sífilis e a gonorreia. E o pior de tudo: essas duas DSTs, a princípio fáceis de ser tratadas, estão se tornando resistentes aos antibióticos mais comuns.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) fez um alerta nesta sexta-feira sobre a proliferação de casos de gonorreia resistente a medicamentos. O anúncio foi feito após a análise de dados de 77 países. Já foram registrados pelo menos três casos em que nenhum antibiótico existente foi capaz de tratar essa doença sexualmente transmissível (DST) – no Japão, na França e na Espanha, segundo a agência BBC.

De acordo com a OMS, cada vez que uma pessoa toma antibióticos para tratar uma dor de garganta comum, há o risco de que outras bactérias da espécie Neisseria (mesma à qual pertence a causadora da gonorreia), presentes na região, tornem-se resistentes e atrapalhem o tratamento caso a pessoa venha a contrair a DST pelo sexo oral no futuro.

Com a sífilis, existe uma ameaça parecida. O tratamento de primeira escolha é a penicilina benzatina, mas as poucas empresas no mundo que ainda produzem esse medicamento tão antigo não têm dado conta da demanda. Os antibióticos que seriam a segunda opção – da classe da azitromicina – não têm funcionado em alguns casos devido à resistência bacteriana.

Por fim, a OMS recentemente mudou as diretrizes para tratamento da clamídia por causa do aumento do registro de cepas resistentes aos antibióticos da classe das quinolonas.  Vale lembrar que toda DST não tratada facilita a infecção pelo HIV e pode levar à infertilidade, além de outros inúmeros problemas de saúde.

Assim como a gonorreia, a sífilis e a clamídia podem ser transmitidas pelo sexo oral e podem ser assintomáticas, o que faz com que muita gente não se trate logo. Além disso, sempre que há um diagnóstico, é preciso que os parceiros sejam informados e tratados também, o que é raro. Vale lembrar que toda DST não tratada facilita a infecção pelo HIV e pode levar à infertilidade, além de outros inúmeros problemas de saúde.

Mais de 100 milhões de pessoas contraem clamídia a cada ano em todo o mundo. No caso da gonorreia, são 78 milhões de casos, e da sífilis, cerca de 6 milhões, segundo as estimativas mais recentes da OMS, que já podem até estar desatualizadas. Vale lembrar que o HIV, que infecta 2,5 milhões por ano, também pode se tornar resistente aos antivirais se o tratamento e as medidas de prevenção não forem levados a sério.

Diante desse cenário, não dá pra relaxar. Tem que usar camisinha do começo ao fim, inclusive no sexo oral, fazer exames de rotina, procurar o médico sempre que estiver com algum sintoma diferente, seguir o tratamento direitinho e avisar os parceiros, para que eles se tratem também. Não é só a sua saúde que agradece.

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