Empresa vai mudar forma como entrevista os candidatos para ser mais receptiva
Redação Publicado em 18/08/2021, às 12h00
No final de julho, o Google anunciou uma iniciativa que priorizará a contratação de mais pessoas autistas, ajustando a forma como a empresa aborda o processo de entrevista para acomodar candidatos neurodivergentes. O objetivo da empresa é treinar até 500 gerentes de contratação e outros envolvidos no processo para serem mais efetivos e empáticos ao interagir com candidatos autistas.
Para isso, a empresa fez uma parceria com o Stanford Neurodiversity Project, cujos objetivos incluem estabelecer uma cultura que valoriza a neurodivergência e capacitar pessoas neurodivergentes “talentosas” por meio de treinamento e oportunidades de trabalho. Dessa forma, o Google espera combater a alta taxa de desemprego de pessoas autistas e enfrentar preconceitos que criam barreiras.
O Stanford Neurodiversity Project promove programas especializados de apoio ao emprego para adultos com autismo. O trabalho deles no Google mudará o processo de contratação da empresa. Rob Enslin, presidente de operações globais para clientes do Google Cloud, escreveu que serão abordados os preconceitos inconscientes que afetam os candidatos no processo de entrevista. Ele destaca a necessidade de ser mais compreensivo quando os candidatos não fazem contato visual ou pedem mais tempo para concluir uma tarefa, e deseja oferecer flexibilidade nas estruturas de entrevista.
Lyric Holmans, um consultor de neurodiversidade autista, observa que muitas pessoas neurodivergentes que lutam para atender aos padrões neurotípicos de amizade podem não saber como falar sobre suas habilidades e acabam sentindo ansiedade, coisa que entrevistadores neurotípicos injustamente consideram sinais de alerta.
Confira:
Holmans enfatiza que algumas pessoas podem se sair melhor se forem capazes de mostrar suas habilidades concretas com um portfólio, apresentação sobre sua experiência ou simulação. Os planos de Enslin não são necessariamente flexíveis, embora ele tenha dito que o Google oferecerá algumas “mudanças razoáveis”, incluindo tempo de entrevista estendido, acesso antecipado a perguntas e opções para responder por escrito. Stanford também treinará os candidatos que se inscreverem no Google por meio de seu programa.
Sarah Selvaggi Hernandez, terapeuta ocupacional, acrescenta que as pessoas neurodivergentes podem ter dificuldades com os tempos de chegada e prazos vagos para as próximas etapas e acompanhamentos, beneficiando-se de diretrizes claras e mais flexibilidade. Ela argumenta que as empresas devem usar menos sistemas automatizados ao longo do processo. Esses ajustes também podem beneficiar outros candidatos.
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