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Habilidades mentais podem melhorar com envelhecimento

A habilidade "alerta"  é caracterizada por um estado de vigilância para responder às informações recebidas - iStock
A habilidade "alerta" é caracterizada por um estado de vigilância para responder às informações recebidas - iStock

Redação Publicado em 19/08/2021, às 19h00

Há muito tempo se acredita que o envelhecimento leva a amplos declínios das nossas principais habilidades mentais, como capacidade de planejamento, raciocínio, memória, foco, entre tantas outras. Porém, uma nova pesquisa do Centro Médico da Universidade de Georgetown (Estados Unidos), decidiu analisar essas afirmações a fundo.

Os achados, publicados na revista Nature Human Behavior, mostram que duas funções cerebrais fundamentais, que nos permitem atender a novas informações e focar no que é importante em uma determinada situação, podem, na verdade, melhorar com o avanço da idade.

Essas duas habilidades estão por trás de aspectos importantes da cognição, como a memória, a tomada de decisão, o autocontrole e, até mesmo, a linguagem e a leitura. Segundo os pesquisadores, as descobertas contrariam as suposições tidas até então e, provavelmente, o melhoramento dessas funções com o envelhecimento pode ser explicado pelo simples fato de praticarmos essas habilidades ao longo de toda a vida.

Para a equipe, os resultados assumem um papel ainda mais importante em um contexto de rápido envelhecimento populacional. Assim, pode ser possível desenvolver estratégias para melhorar essas habilidades como forma de proteção contra o declínio cerebral no envelhecimento saudável e distúrbios.

Confira:

O famoso “com a prática melhora”

Os autores analisaram três componentes separados da atenção e da função executiva do cérebro em um grupo de 702 participantes com idades entre 58 e 98 anos. Essa faixa etária foi escolhida por ser o período em que, muitas vezes, a cognição sofre um maior grau de alteração durante o processo de envelhecimento. 

Os componentes estudados pela pesquisa foram: alerta, orientação e inibição executiva. O alerta é caracterizado por um estado de vigilância e preparação para responder às informações recebidas; a orientação permite atender a situações repentinas e a inibição executiva é responsável por impedir distrações ou informações conflitantes, permitindo que haja concentração no que realmente importa.

De acordo com os pesquisadores, usamos os três processos constantemente. Por exemplo, quando dirigimos um carro, o “alertar” é a maior preparação do cérebro quando nos aproximamos de um cruzamento, a “orientação” é ativada quando mudamos a atenção para um movimento inesperado, como um pedestre, e a inibição executiva impede distrações com pássaros ou outdoors

Após a análise de cada uma das habilidades, o estudo constatou que apenas o “alerta” diminuiu com a idade. Em compensação, tanto a orientação como a inibição executiva realmente melhoraram com o envelhecimento.

Para a equipe, uma das hipóteses para explicar esse fenômeno é a prática. Como o orientar e o inibir são habilidades que permitem que as pessoas pratiquem ao longo da vida, os ganhos desse “treino” podem ser grandes o suficientes para superar os declínios neurais ocultos. Já o alerta provavelmente diminui porque é um estado básico de vigilância que não pode ser praticado. 

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