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Herpes e baixa imunidade: tem como evitar as lesões?

Exposição solar, falta de sono ou outras infecções podem fazer o herpes se manifestar - iStock
Exposição solar, falta de sono ou outras infecções podem fazer o herpes se manifestar - iStock

Redação Publicado em 13/02/2022, às 09h00

O herpes (ou “herpes simples”) é uma infecção bastante comum e contagiosa, provocada por dois tipos de vírus, o HSV1 (herpes simplex vírus tipo 1) e o HSV2. Segundo as sociedades médicas, cerca de 90% dos brasileiros já tiveram contato com um desses microrganismos.

Antigamente se dizia que o HSV1 – mais prevalente, era o vírus responsável pelo herpes oral ou labial (caracterizado por lesões bolhosas nos lábios, ou, mais raramente, na boca ou no rosto). Já o HSV2 era tido como causador do herpes genital, uma infecção sexualmente transmissível (IST) que provoca lesões no pênis, dentro ou ao redor da vagina, no ânus ou na pele ao redor.

Confira:

Herpes oral ou genital

“Hoje se sabe que, apesar de o primeiro tipo ter preferência pela região oral e o segundo, pela genital, esses vírus podem, sim, passar de uma parte do corpo para outra, basicamente pela prática do sexo oral”, explica o médico Jairo Bouer.

Não confunda o herpes simples com o herpes zóster (ou cobreiro), que é uma doença causada pelo vírus varicela-zóster, da catapora. Esses vírus são parentes (pertencem à família Herpesviridae), e até há certas características em comum entre eles. Mas só quem teve contato com o vírus da catapora é que tem herpes zóster.

Maioria têm herpes sem saber

Muita gente (mesmo) tem o vírus do herpes simples e não sabe. A maioria das pessoas adquire a infecção na infância, às vezes até de pais ou cuidadores. A transmissão é mais comum na fase ativa, ou seja, quando as bolhas aparecem, ou, principalmente, quando se rompem (já que o líquido interno é cheio de vírus). Mas também é possível transmitir a infecção sem ter nenhuma lesão ou vesícula aparente. 

Também é comum que a primeira infecção seja assintomática, embora alguns indivíduos tenham febre, cansaço, dor de garganta e gânglios aumentados. Depois disso, o vírus fica para sempre no organismo, adormecido (latente), podendo se manifestar apenas quando ocorre uma queda na imunidade. Algumas pessoas nunca vão ter manifestações, ou seja, as lesões características na pele ou mucosa. Outras terão poucos ou diversos episódios ao longo da vida.

Como são as lesões?

Em geral, a pessoa tem uma sensação de coceira, irritação ou pontadas no local antes de a lesão aparecer. Depois de alguns dias, surgem uma ou mais bolhas ou vesículas minúsculas, que costumam ser dolorosas. Após mais alguns dias, as bolhas se rompem e formam uma ferida com crosta que seca em pouco tempo, em geral sem deixar cicatriz. Todo esse processo pode durar de uma a três semanas.

Transmissão e tratamento

É importante que, na fase ativa, o contato direto com a lesão e com a saliva (no caso do herpes oral ou labial) sejam evitados. Isso significa evitar beijos, sexo oral e também compartilhamento de toalhas, fronhas, talheres e copos. Lavar as mãos com frequência também é importante.

Já para evitar o herpes genital, a principal recomendação é usar camisinha no sexo oral, vaginal e anal. Vale lembrar, no entanto, que as lesões podem ocorrer em áreas não cobertas pelo preservativo, por isso não há método 100% infalível para evitar a doença.

O tratamento é feito com medicamentos antivirais, como o aciclovir, entre outras substâncias que evitam a multiplicação do vírus ou aliviam o incômodo provocado pelas lesões. Só um médico pode indicar a dosagem e forma de administração mais adequada (pomadas ou comprimidos). Para quem tem crises frequentes, o ideal é iniciar o tratamento assim que sentir a pele começar a coçar ou pinicar, pois assim o período de ativação será mais curto e o risco de transmissão, mais baixo.

Tem como evitar as crises?

A exposição solar é um fator que pode predispor à ativação do herpes, bem como períodos de estresse psicológico intenso, falta de sono adequado, atividade física excessiva, tratamentos com imunossupressores, infecções ou cirurgias.

A dermatologista Lilian Akemi Ota ensina algumas medidas úteis para evitar as crises:

  1. Usar sempre filtro solar e labial, juntamente com chapéus ou bonés, ao se expor ao sol forte.
  2. Hidratar bem os lábios, evitando seu ressecamento. Se for respirador bucal, aplicar hidratante antes de dormir.
  3. Dormir bem.
  4. Nao exagerar demais nos exercícios físicos ou nas atividades de trabalho que levam à exaustão.
  5. Combater o estresse mental com práticas saudáveis, como ioga ou meditação.
  6. Ter hábitos alimentares saudáveis e seguir uma dieta balanceada.
  7. Beber bastante água.
  8. Evitar a ingestão de álcool e cigarros em excesso.
  9. Evitar as drogas, que levam à uma queda global da imunidade.

Confira:

Lisina ajuda?

Sabe-se que alguns alimentos que contêm lisina (um aminoácido essencial encontrado em alimentos como queijo, frango, peixe, carne e leguminosas) ajudam na prevenção das crises, mas a médica esclarece que não existe uma dieta capaz de combater o herpes. 

“Existem pessoas que por determinado periodo da vida passam a ter surtos frequentes de herpes. Nesses casos, pode-se fazer um tratamento profilático, com medicações antivirais em doses menores, mas por maior periodo de tempo, de 3 a 6 meses”, afirma Lilian. “Existe também no mercado um medicamento com cloridrato de lisina que também é administrado pelo dermatologista para prevenir crises de herpes. ”

Complicações possíveis

O herpes quase sempre é uma doença benigna, que, apesar do desconforto, não traz grandes repercussões à saúde. Mas, em alguns casos raros, a condição pode ser grave, especialmente em pacientes com imunidade comprometida. Nessas situações, uma das complicações possíveis é o vírus afetar os olhos, o cérebro ou outras partes do corpo.

Na fase ativa, o herpes genital pode aumentar o risco de infecção pelo vírus HIV em relações desprotegidas. Vale lembrar, ainda, que quando o herpes genital surge numa gravidez avançada, há risco de transmissão para o bebê durante o parto. Embora raro, o herpes neonatal é um problema grave. 

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