Redação Publicado em 29/07/2022, às 14h30
O sedentarismo, as dietas ricas em açúcar e sal, bem como o excesso de peso, são responsáveis por nove em cada dez casos de pressão alta em crianças e adolescentes. É o que aponta um novo artigo publicado no European Heart Journal, um periódico da Sociedade Europeia de Cardiologia.
O documento tem foco na hipertensão em jovens de seis a 16 anos e, segundo os pesquisadores, os pais são agentes significativos na mudança de comportamentos relacionados à saúde das crianças e adolescentes.
As recomendações dietéticas para o tratamento da pressão alta em crianças incluem aumentar o consumo de vegetais frescos, frutas e outros alimentos de alta fibra, limitar a ingestão de sal e evitar gordura saturada e bebidas adoçadas com açúcar.
Crianças e adolescentes devem fazer pelo menos uma hora de atividade física moderada a vigorosa todos os dias e passar no máximo duas horas por dia em atividades sedentárias, como assistir à televisão ou jogar videogame.
Para os pesquisadores, o ideal é estabelecer metas realistas, sem transformá-las em uma obsessão. A recomendação é criar um “sistema de recompensa promotor da saúde”, ou seja, os melhores incentivos são aqueles que aumentam o apoio social e reforçam o valor dos comportamentos, como um passeio de bicicleta em família ou uma caminhada com os amigos.
O documento refere-se à obesidade infantil e à hipertensão como "irmãos traiçoeiros" que, gradualmente, podem se tornar um grave risco à saúde. Estudos têm mostrado que a hipertensão infantil está se tornando cada vez mais comum - e essa parte do aumento pode ser explicada pela obesidade.
Estima-se que menos de 2% das crianças com peso considerado normal sejam hipertensas em comparação com 5% daquelas com excesso de peso e 15% das obesas.
Além disso, a equipe enfatiza que o crescimento dos casos de hipertensão infantil é de grande preocupação, pois está associado à persistência da hipertensão arterial e a outros problemas cardiovasculares durante a idade adulta.
O diagnóstico precoce da pressão arterial elevada é crucial para que possa ser gerenciado com estilo de vida e, se necessário, medicamentos. A triagem deve ser realizada no ambiente da atenção primária, pelo menos anualmente, independente dos sintomas. Isso porque a hipertensão em crianças, como em adultos, costuma ser assintomática.
Quando as medidas de pressão arterial apontam para a hipertensão, histórico médico e exame físico são necessários para determinar possíveis causas e identificar comportamentos que podem ser modificados.
Confira:
As informações incluem histórico familiar de hipertensão e de doenças cardiovasculares, peso ao nascer e idade gestacional, detalhes sobre estilo de vida, como tabagismo, consumo de sal, consumo de álcool, exercícios físicos e atividades de lazer.
Inclui também possíveis sintomas, como dor de cabeça, sangramentos nasais, vertigem, deficiência visual, baixo desempenho escolar, dificuldades de atenção, falta de ar, dor no peito, palpitações e desmaios.
Nos estágios iniciais, o tratamento da hipertensão infantil deve focar na educação e na mudança de comportamento. Se as metas não forem alcançadas, pode ser necessário usar medicamentos.
Por fim, o artigo ainda pede aos órgãos públicos de saúde que priorizem a prevenção e o manejo da hipertensão arterial em crianças e adolescentes com a ajuda de campanhas de conscientização sobre os riscos da hipertensão em jovens. Apontar o impacto positivo de adotar um estilo de vida saudável, que inclui atividade física, alimentação balanceada e menos horas frente às telas também é o ideal.
Veja também: