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HIV: 50% dos casos atingem jovens entre 20 e 34 anos

No dia 1º de dezembro é celebrado o Dia Mundial de Luta contra a Aids para conscientizar sobre a prevenção da doença - iStock
No dia 1º de dezembro é celebrado o Dia Mundial de Luta contra a Aids para conscientizar sobre a prevenção da doença - iStock

Redação Publicado em 01/12/2021, às 15h55

O Brasil registrou, em 2020, 29.917 casos de Aids, uma redução de 20,7% com relação a 2019, quando o país notificou 37.731. Esse é um dos dados do Boletim Epidemiológico de HIV/Aids de 2021 divulgado nesta quarta-feira (01), Dia Mundial de Luta contra a Aids.

As notificações de HIV também sofreram uma queda: foram registradas 43.312 em 2019 e 32.701 em 2020, uma diminuição de 10.611 casos.

Apesar da redução, especialistas alertam que os registros de óbitos permanecem altos e o cenário da doença no Brasil segue preocupante. Em 2020, foram 10.417 mortes por Aids contra 10.687 do ano anterior, uma queda de apenas 2,52%. 

Em toda a série histórica, o país catalogou 381.793 casos de HIV. Desses, 69,8% foram registrados em pessoas do sexo masculino e 30,2% do feminino. Além disso, mais de 50% dos diagnósticos são de homens e mulheres jovens, na faixa etária entre 20 e 34 anos.

Segundo o Ministério da Saúde, observa-se uma redução nos casos em mulheres e um aumento em homens, principalmente os mais jovens. Por essa e outras razões, é fundamental não medir esforços para promover a conscientização sobre a importância da prevenção.

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A importância do tratamento

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Divulgação - Ministério da Saúde

Anualmente, o Ministério da Saúde lança uma campanha que visa conscientizar os brasileiros sobre a importância de se prevenir contra o HIV. Em 2021, o lema é “Prevenir é sempre a melhor escolha” e lembra sobre todos os recursos existentes que ajudam a evitar a transmissão do vírus. 

De acordo com os dados divulgados, 694 mil pessoas estão em tratamento para a Aids no Brasil e, só neste ano, 45 mil novos pacientes deram início à terapia antirretroviral. Assim, 81% das pessoas diagnosticadas com HIV têm acesso ao tratamento em todo o país. 

Desse total, 95% dos indivíduos não transmitem mais o vírus por via sexual, por terem a carga viral indetectável ao realizarem o tratamento adequado ofertado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Essa porcentagem já é maior do que a meta imposta pelas Nações Unidas, que é de 90%. 

Um exemplo sobre a eficácia do tratamento contra o HIV/Aids está na diminuição da mortalidade e da incidência dos casos no Estado de São Paulo. De acordo com as informações da Secretaria de Saúde, a região registrou uma queda de 44,8% dos óbitos por Aids e redução de 42% das notificações de casos nos últimos dez anos. 

Para os especialistas, os índices refletem a melhoria nas estratégias de prevenção e acesso ao tratamento na rede pública de saúde. Segundo os dados, houve 1.880 vítimas fatais da doença no ano passado contra 3.141 em 2010. Naquele ano, houve também 8.521 casos novos de Aids e, em 2020, este número chegou a 5.363 casos.

Vale lembrar que uma pessoa que convive com o HIV não necessariamente desenvolve a Aidsse realizar o tratamento de forma correta. Devido à pandemia, o Ministério da Saúde ampliou o tempo de dispensa dos medicamentos antirretrovirais de 30 para 60 ou até 90 dias, uma estratégia para garantir a manutenção do cuidado das pessoas que vivem com a doença mesmo em um cenário pandêmico.  

Confira:

A queda nas notificações é real?

Um dos principais dados divulgados no boletim foi a redução de 20,7% dos casos de Aids em 2020 em relação a 2019. Jairo Bouer explica que, provavelmente, é necessário aguardar os próximos anos para saber se realmente existe uma tendência de queda:

Não podemos esquecer que 2020 foi um ano bastante atípico por causa da pandemia e, talvez, muito menos gente tenha procurado o serviço de saúde, provocado a diminuição nas notificações”, explica. 

Outra hipótese que pode explicar a queda dos registros são as estratégias combinadas disponíveis atualmente. Além do uso da camisinha em todas as relações sexuais – um dos principais recursos de prevenção contra o HIV/Aids –, também existem a PrEP e a PeP. 

Inclusive, se todas as pessoas que vivem com o vírus realizam o tratamento adequado e atingem cargas indetectáveis, também não transmitem o vírus. Todos esses recursos somados podem resultar na redução das notificações de casos. 

Não podemos esquecer que o HIV é uma pandemia. Nós já convivemos com ela há 40 anos. É importante que as pessoas continuem a se proteger e que as informações permaneçam circulando”, enfatiza Jairo. 

PrEp e PeP: qual a diferença?

PrEP é utilizada antes do ato sexual sem preservativo. O paciente toma uma combinação de medicamentos antirretrovirais diariamente, que vão se concentrar no organismo e, caso ocorra exposição ao vírus HIV, a substância farmacologicamente ativa no sangue impedirá a instalação da infecção.

O SUS disponibiliza a PrEP,  mas a pessoa interessada deve atender a alguns critérios para que possa receber esse medicamento:

  • Gays;
  • Homens que fazem sexo com homens (HSH);
  • Pessoas trans;
  • Casais sorodiferentes;
  • Trabalhadores sexuais;
  • Pessoas que frequentemente fazem o uso de PEP e deixam de utilizar camisinha nas relações sexuais que envolvam penetração.

Números da Coordenadoria de IST/AIDS do município de São Paulo mostraram que em 2021, na capital, mais de 10 mil pessoas faziam o uso de PrEP, o que demonstra o crescimento na distribuição dessa medida profilática tão importante e eficaz.

A PrEP, oferecida pelo SUS desde 2018, já reduziu em mais de 25% o número de novas infecções pelo vírus HIV na cidade de São Paulo em relação aos anos de 2018 e 2019.

Já a PEP é um medicamento de urgência, ou seja, caso a pessoa tenha se exposto ao risco de ter contraído o HIV, ela deve se dirigir a um serviço de saúde especializado e solicitar os medicamentos da profilaxia pós-exposição. Lembrando que, por se tratar de urgência, o paciente tem até 72 horas após a exposição para iniciar o tratamento, que é feito também com medicamentos e dura 28 dias.

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