Redação Publicado em 30/11/2021, às 20h44
Cerca de 4 em cada 10 participantes de uma pesquisa global acham que quem vive com HIV não deveria ser autorizado a trabalhar diretamente com quem não têm o vírus. E até seis em cada 10 respondentes se dizem favoráveis à testagem obrigatória de HIV antes de as pessoas serem autorizadas a trabalhar.
É triste que, mais de 40 anos após o início da epidemia de Aids, esse tipo de pensamento ainda seja tão frequente, como apontou um estudo global divulgado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) às vésperas do Dia Mundial de Luta Contra a Aids (1º).
Os resultados mostram que as atitudes estigmatizantes e discriminatórias são alimentadas por uma falta de conhecimento sobre a transmissão do HIV. Apenas uma em cada duas pessoas sabe, segundo a pesquisa, que o HIV não pode ser transmitido pelo uso compartilhado de um banheiro. E apenas uma em cada quatro pessoas respondeu corretamente às perguntas sobre a forma de transmissão do HIV.
O relatório, The ILO Global HIV Discrimination in the World of Work Survey, é o resultado de uma colaboração inédita entre a OIT e o instituto de pesquisas Gallup International. Os resultados baseiam-se em informação coletadas com mais de 55.000 pessoas em 50 países em todo o mundo.
As opiniões variam consideravelmente de região para região. Os níveis mais baixos de tolerância para trabalhar diretamente com pessoas que vivem com HIV foi registrado na Ásia e no Pacífico (apenas 40% das pessoas respondentes disseram que as pessoas que vivem com HIV deveriam ser autorizadas a trabalhar com pessoas não vivem com HIV). E também no Médio Oriente e no Norte de África (onde apenas 42% disseram o mesmo).
As regiões com as atitudes mais positivas são a África Oriental e Austral, onde quase 90% das pessoas defenderam que o trabalho direto com pessoas que vivem com HIV deveria ser permitido.
Em termos globais, 68% das pessoas com educação superior concordam que o trabalho direto com pessoas que vivem com HIV deve ser permitido, em comparação com 39,9% das pessoas que apenas possuem o nível básico.
O relatório propõe uma série de recomendações, incluindo a implementação de programas sobre o HIV que aumentem os conhecimentos de trabalhadores e trabalhadoras sobre a transmissão do HIV e desfaçam mitos e conceitos errados, melhorando o ambiente jurídico e político em torno do HIV para proteger os direitos no trabalho e para abolir a testagem obrigatória de HIV, em conformidade com a Recomendação (Nº 200) da OIT sobre HIV e Aids, de 2010.
O documento, divulgado pela ONU Brasil, propõe ainda a melhoria do acesso à proteção social e o combate à violência e ao assédio que podem resultar do estigma e da discriminação, por meio da ratificação e implementação da Convenção (Nº 190) da OIT sobre Violência e Assédio, adotada em 2019.
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