Redação Publicado em 21/10/2022, às 13h00
A Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) divulgou este mês um documento mostrando a importância de mulheres adultas também tomarem a vacina contra o HPV. Atualmente, apenas aquelas até 45 anos, mas imunossuprimidas, podem ser imunizadas pelo SUS.
Um dos principais objetivos do documento é orientar a prática clínica dos médicos no Brasil, em especial os ginecologistas, sugerindo a recomendação ativa da vacinação contra o vírus. Até recentemente, a indicação da vacina a mulheres adultas, que já tiveram ou não contato com o vírus, ficava a critério individual do médico, apesar de vários estudos comprovarem o benefício da imunização para essa faixa já serem bem conhecidos.
Estudos mostram que 80% das mulheres no mundo entram em contato com algum tipo de HPV em algum momento de suas vidas. O papilomavírus humano, popularmente conhecido como HPV, é a infecção sexualmente transmissível mais comum no mundo todo. Diante disso, a Febrasgo ressaltou que “há uma geração de mulheres que chega à idade adulta sem a oportunidade de vacinação contra a doença, estando exposta ao vírus com possibilidade de desenvolvimento de cânceres como o de colo de útero, vulva, vagina e ânus, além de verrugas genitais”.
Para a entidade, a imunização é extremamente necessária e eficiente para a diminuição da doença e de mortes atribuídas a a este vírus. Além disso, já está cientificamente comprovado que, mesmo em pacientes com lesões provocadas pelo HPV, a imunização diminui em até 80% os casos de recidiva.
Isto demonstra a eficácia da vacina mesmo para pessoas com vida sexual ativa e já expostas ao vírus, em algum momento da vida. Estudos já mostraram o benefício da vacinação para as mulheres até 45 anos ou mais, e isso deve ser avaliado individualmente e dependerá da análise do médico sobre o risco de exposição da paciente a novas infecções.
A vacina HPV quadrivalente pode prevenir os cânceres de orofaringe (boca e garganta), de pênis e de ânus em nos homens também, além das verrugas genitais nos dois sexos relacionadas ao HPV 6 e 11. Apesar de não evoluírem para o câncer, as verrugas genitais também são consideradas um problema de saúde pública, pois demandam tratamento e cuidados.
As taxas de infecção pelo HPV são maiores em homens que fazem sexo com homens e a vacinação deve ser considerada nessas pessoas, independente de faixa etária.
Muitos pais apresentam resistência em vacinar os filhos já aos 9 ou 11 anos de idade contra um vírus que tem a ver com sexo. Mas é fundamental que meninos e meninas estejam completamente imunizados antes dos primeiros contatos sexuais - isso garante maior proteção contra o HPV. Vale lembrar que este vírus não é transmitido apenas quando há penetração, mas em qualquer tipo de contato sexual.
Atualmente, na rede pública, a vacina quadrivalente contra o HPV é oferecida a:
- Meninas e meninos de 9 a 14 anos de idade no esquema de duas doses (0 e 6 meses), nas mais de 38 mil salas de vacinação do país.
- Mulheres e homens de 9 a 45 anos imunossuprimidos (vivendo com HIV/Aids, transplantados de órgãos sólidos ou medula óssea e pacientes oncológicos) podem se vacinar contra o HPV um dos mais de 50 Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIEs) espalhados pelo Brasil no esquema de três doses (0, 1-2 e 6 meses).
A vacina disponível é a quadrivalente (HPV4, que protege contra os quatro vírus mais comuns no Brasil). Ela é inativada, ou seja, não tem como provocar a doença. O portal da Família SBim (Sociedade Brasileira de Imunizações) disponibiliza os endereços dos CRIEs e uma lista de todas as vacinas, não apenas do HPV, disponíveis por critério de indicação.
Na rede particular, a vacina quadrivalente (HPV4) está disponível para:
- Todas as pessoas a partir de 9 anos.
Obs: a administração da vacina em homens e mulheres fora da faixa etária prevista em bula — especialmente pessoas com comorbidades associadas a imunocomprometimento e homens que fazem sexo com homens — é benéfica, mas deve ser avaliada pelo médico.
Esquemas de doses:
Novamente, vale lembrar que as vacinas podem ser tomadas por pessoas que fazem tratamento ou já tiveram infecção pelo HPV, pois podem proteger contra os outros tipos de vírus, e prevenir a formação de novas verrugas genitais e risco de câncer. Se está na dúvida, consulte seu médico sobre se deve ou não se imunizar.
Contraindicação:
Gestantes e pessoas que apresentaram anafilaxia após receber uma dose da vacina ou a algum de seus componentes.
Cuidados antes, durante e após a vacinação:
Efeitos e eventos adversos:
Na Inglaterra, após dois anos de incorporação da vacina no calendário do governo, e da administração de 4,5 milhões de doses, somaram-se 4.703 eventos adversos. Desse total, 17% foram manifestações no local da aplicação (dor, vermelhidão e inchaço); 11%, manifestações alérgicas (urticária e prurido); e 37%, manifestações gerais como náuseas, vômitos e dor de cabeça. Foram registradas ainda reações psicogênicas (21%) descritas como pânico e desmaios causados pelo medo da injeção e não pela vacina – principalmente em adolescentes e mulheres jovens. Não ocorreu nenhum caso de doença neurológica, paralisia ou doença autoimune.
Obs: recentemente, foi lançada uma nova vacina nonavalente, ou seja, que protege contra nove diferentes tipos de HPV. Mas ainda não se sabe quando o imunizante estará disponível.
Fontes: Ministério da Saúde, SBIM (Sociedade Brasileira de Imunizações), Dr. Jairo Bouer
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