Estudo é o primeiro a mostrar de forma conclusiva que a presença do HPV na boca leva ao desenvolvimento do câncer de orofaringe
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h36 - Atualizado às 23h55
Pesquisadores norte-americanos descobriram que a prática de sexo oral sem proteção pode levar à infecção pelo vírus HPV-16 (papilomavírus humano tipo 16), o que faz as pessoas terem uma propensão 22 vezes maior de ter um câncer de garganta potencialmente fatal.
O HPV é bem conhecido por sua relação com o câncer de colo de útero, mas, nos últimos anos, muitos estudos vinham apontando a ligação entre o vírus e tumores na região do pescoço e da cabeça, o que inclui a boca e a garganta. A porta de entrada para o micro-organismo, nesse caso, é o sexo oral.
O estudo, realizado por pesquisadores do Albert Einstein College of Medicine, é o primeiro a mostrar de forma conclusiva que a presença do HPV na boca leva ao desenvolvimento do câncer de orofaringe, o mesmo tipo que acometeu o ator Michael Douglas há alguns anos.
O trabalho, publicado no periódico Jama Oncology, avaliou quase 97 mil pessoas que tinham vestígios desse tipo de HPV na boca. Eles foram acompanhados por cerca de quatro anos. No final do período, foram identificados 132 casos de câncer de cabeça e pescoço. O grupo de controle, ou seja, com indivíduos saudáveis, continha quase 400 pessoas.
Para os pesquisadores, liderados por Ilir Agalliu e Robert Burk, os resultados sugerem que exames simples de esfregaço bucal, em que se esfrega um cotonete ou uma lâmina dentro da boca para analisar no microscópio, poderiam ser usados para prever o risco de alguém ter câncer de cabeça ou pescoço.
De qualquer forma, o estudo chama atenção para o fato de que sexo oral também tem de ser feito com proteção. Além do HPV, várias outras doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) podem ser adquiridas dessa forma.