Redação Publicado em 13/04/2022, às 12h00
Você já ouviu falar em “i-doser”? Essa é uma plataforma digital que se tornou popular entre os jovens e que utiliza sons de batidas eletrônicas e zumbidos de alta frequência, além de estímulos visuais, para “supostamente obter efeitos semelhantes ao uso de entorpecentes” -- segundo afirmam os usuários -- e que “podem causar alucinações”, embora ainda não haja comprovação científica.
O problema é que esses ruídos emitidos via ondas binaurais por fones de ouvido são considerados um tipo de “droga digital”. Além de gerar dependência psicológica, podem causar danos auditivos importantes, inclusive a surdez. É considerado, pelos especialistas, um desafio perigoso.
Por isso, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), por meio do Grupo de Trabalho Saúde na Era Digital, decidiu se manifestar sobre o assunto e alertar para os riscos que esse tipo de plataforma podem trazer.
Segundo a SBP, a estimulação externa exagerada e contínua de ruídos pode provocar alterações na neuroplasticidade, que é a capacidade do cérebro de crescer, desenvolver e alterar sua estrutura, podendo afetar as conexões necessárias para o desenvolvimento cerebral e mental saudável.
Quando o som se torna um ruído alto, estridente, agudo e constante, como sirenes ou o som de explosivos, as pessoas estão sujeitas a desenvolver desde um simples estado de neurotização passageira até lesões irreversíveis no aparelho auditivo, com marcadas consequências, principalmente em crianças e adolescentes, que são sempre mais vulneráveis”, destaca o órgão.
Os especialistas chamam a atenção, também, para o uso contínuo e prolongado de fones de ouvido de alta potência; isso porque a exposição frequente e duradoura de música amplificada em alta frequência é capaz de acarretar perdas auditivas. De acordo com o texto, a perda auditiva progressiva que pode chegar à surdez, é uma condição irreversível, já que compromete as células ciliadas do ouvido interno, que não se regeneram.
“O nível confortável de ruídos para adultos é de 80 dB. Para crianças e adolescentes o nível seguro é de no máximo 70 dB. Ruídos acima de 80 dB são considerados nocividade auditiva, enquanto o limiar da dor auditiva é estimado em torno de 120 a 140 dB”.
Alguns dos sintomas auditivos e não auditivos que podem ocorrer e devem ser observados são:
Logo, evitar o ruído intenso e assegurar o uso de fones de ouvido compatível com o ouvido humano, além de limitar o tempo de uso, bem como adequar o volume de som em aparelhos e equipamentos como computador, notebook, telefones celulares ou televisões ou em ambientes abertos ou fechados com outros ruídos associados são algumas formas de promover a reabilitação auditiva.
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