Igor Cosso revelou, num video gravado para o TEDx Talks, no último domingo (11), que escondeu por muito tempo o fato de ser gay porque temia perder
Da Redação Publicado em 15/10/2020, às 17h24 - Atualizado às 17h33
Igor Cosso revelou, num video gravado para o TEDx Talks, no último domingo (11), que escondeu por muito tempo o fato de ser gay porque temia perder oportunidades de trabalho, e que enfrentou preconceito desde o primeiro trabalho na TV.
O ator e roteirista, que interpreta o Júnior na novela “Salve-se Quem Puder”, diz que escondia seus namoros e deixava de se socializar com os colegas de trabalho para evitar que descobrissem sobre sua orientação sexual.
Seu depoimento mostra que a homofobia existe até no meio artístico, ao contrário do que muita gente imagina. Mas a história narrada por Igor pode trazer esperança para outros artistas que, como ele, são obrigados a mentir e se esconder pelo medo de perder oportunidades de trabalho.
Igor descreve como os ataques à homossexualidade começaram cedo, logo no primeiro trabalho na TV. “Logo nos primeiros dias de gravação, eu todo empolgado, entendi que o que era natural para mim podia ser fatal para a minha carreira”, lembra. Um jornalista divulgou que havia um ator gay no trabalho em que ele estava, que era ele, e comentou que se ele quisesse crescer na carreira, era melhor se esconder.
“Eu tinha 19 anos. Quando começaram a compartilhar aquela notícia, eu fiquei desesperado. Achei que meu sonho estava sendo arrancado de mim”, relata. Depois daquilo, Igor ainda teve que enfrentar outro tipo de agressão: “Dentro do set, um cara da equipe técnica disse: ‘Ó, o viadinho chegou’, e todo mundo em volta começou a rir.”
Igor disse que isso aconteceu outras vezes ao longo da carreira. Mas ele percebe que o que ele experimentou foi “fichinha” perto do que muitos outros enfrentam. “Eu, sendo homem cis branco, ainda tenho muitos privilégios que me protegem de um monte de coisas horríveis que acontecem por aí”.
Em determinado momento, ele decidiu que precisava fazer algo e que, para isso, ele teria que enfrentar seus medos de perder trabalho. “Foram dez aos de aventura. Nesse tempo, eu criei uma rede de afeto muito grande, que é superimportante, com meus amigos e com a minha família; eu comecei a escrever e produzir os meus próprios trabalhos, para não ter que depender de ninguém; eu comecei a me entender como artista, e entender a importância que tem se sentir livre”, declara.
O clímax da sua história, segundo ele, foi quando ele publicou uma foto no Instagram no mês de Orgulho LGBT. Depois de ler muitas críticas, de gente dizendo que aquilo era nojento, ou que era pecado, ele percebeu que só um ato de coragem poderia mudar as coisas. Foi quando postou uma foto com o namorado, Heron Leal, em junho deste ano. Além do alívio por dizer a verdade, ele conta que também passou a receber suporte.
“Agora eu tenho mais de 100 mil pessoas apoiando o meu trabalho nas redes sociais, onde tudo aconteceu. A minha avó, que eu morria de medo de saber da minha jornada, me mandou umas mensagens tão lindas me apoiando que eu jamais vou esquecer. Enquanto portas podem se fechar para mim, tem janelas lindas se abrindo.”
O relato de Igor mostra o quanto o suporte de amigos, parentes e até desconhecidos é importante para o bem-estar de quem sofre preconceito.
Infelizmente, a discriminação ainda existe, o que torna muito difícil para jovens LGBTQ+ se assumirem. E o pior é que, em muitos casos, a rejeição acontece dentro de casa.
Ainda que muitos estudos mostrem que “sair do armário” tem impacto positivo para a saúde mental, sabemos que essa decisão deve ser tomada apenas quando a pessoa estiver segura e se sentir pronta. E isso pode levar anos, como no caso do ator.
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