Titular de oftalmologia da Unifesp comenta estudo e alerta para os riscos do uso cada vez mais precoce de tablets
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h16 - Atualizado às 23h57
Após a publicação, recebemos um e-mail do médico Rubens Belfort Jr, professor titular de oftalmologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de Medicina), com outros dados bem interessantes sobre o tema. Veja o que ele diz:
Esse importante trabalho reforça a associação entre atenção visual mantida para perto em crianças e miopia. O “tempo ao ar livre” pode estar também associado a alterações metabólicas relacionadas à atividade física e à ingestão de carboidratos.
A Oftalmologia da Escola Paulista de Medicina tem trabalhado nisso há muitos anos. Por coincidência, meu pai, em 1955, estudou populações indígenas, inclusive do Xingu, em tese de Livre Docência. Não encontrou quase nenhuma miopia. Mais de 50 anos depois, encontramos incidência grande de miopia na mesma população, com mudanças alimentares e escola.
Também a questão “tempo ao ar livre” é interpretada por alguns como metabólico e dependente, principalmente, de carboidratos. Assim, maior tempo na escola significaria, além de pouca exposição à luz, também menos exercícios físicos. Isso, junto com atenção visual mantida para perto por muito tempo, explicaria essa epidemia de miopia.
Também é interessante lembrar que a miopia vai aumentar muito na próxima geração, uma vez que crianças de poucos meses agora têm a sua atenção permanente visual mantida para perto através de programas de iPad etc. A frequência da miopia vai explodir na próxima geração.
Importante lembrar que o olho míope tem mais doenças, inclusive maior risco de descolamento de retina, entre outros problemas, além dos altos custos de óculos, exames, lentes de contato etc.
Rubens Belfort Jr, professor titular de oftalmologia da Unifesp