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Infecção do trato urinário (ITU): saiba mais sobre essa doença

A ITU afeta mais as mulheres - iStock
A ITU afeta mais as mulheres - iStock

Anderson José Publicado em 02/07/2021, às 09h00

Infecção do trato urinário: o que é?

A infecção do trato urinário (ITU) é provocada pela presença de micro-organismo patogênico (que provoca doença) na urina e, consequentemente, nas vias urinárias, incluindo uretra, ureter, bexiga, rins e, em caso de homens, próstata e epidídimo.

A presença de bactéria nas vias anatômicas e uma resposta imune ineficiente provoca a infecção. A depender da região acometida, os sinais e sintomas variam na formulação do diagnóstico e quadro clínico do paciente.

Órgão afetadoDiagnóstico
UretraUretrite
UreterUreterite
BexigaCistite
RinsPielonefrite
PróstataProstatite
EpidídimoEpididimite

Como ocorre a transmissão?

A ITU ocorre, mais comumente, em crianças, jovens adultos e mulheres em vida sexual ativa. Estas, por sua vez, são acometidas com maior frequência, dada a anatomia de seu trato geniturinário, uma vez que a uretra é curta e a entrada é próxima ao ânus, o que favorece a entrada de bactérias.

As mulheres apresentam 50% mais chances de terem ITU do que os homens, no entanto, a incidência aumenta em homens acima de 50 anos devido às disfunções prostáticas.

Como a ITU é transmitida?

As bactérias podem adentrar as vias urinárias através de duas formas: ascendente e hematogênica.

  • Via ascendente: é a mais comum, principalmente em mulheres. A bactéria pode atingir, através da uretra, a bexiga, o ureter e o rim. A E. coli é a mais prevalente nesse tipo de via da ITU.
  • Via hematogênica: ocorre devido à intensa vascularização do rim, ou seja, os microrganismos chegam pelos vasos sanguíneos. É muito prevalente em neonatos (recém-nascidos no primeiro mês). As bactérias Mycobacterium tuberculosis e Staphylococcus aureus têm preferência por essa via.

Após o microrganismo atingir o trato urinário, poderá ocorrer ou não a infecção, dependendo de alguns fatores:

, virulência do patógeno, propriedades antibacterianas da urina, entre outros. Então, uma pessoa com bactéria em alguma região do trato geniturinário não necessariamente desenvolverá o quadro infeccioso, pois há variáveis que favorecem ou não a infecção.

Classificação das infecções do trato urinário

As ITU podem ser classificadas de acordo com a sua localização anatômica de ocorrência:

  • Altas: quando envolvem o parênquima renal [tecido do rim] (pielonefrite) e quando envolvem os ureteres (ureterite).
  • Baixas: quando envolvem a bexiga (cistite), a uretra (uretrite) e, nos homens, a próstata (prostatite) e o epidídimo (epididimite).

ITU recorrente ou crônica

A ITU pode ter um episódio único, que, ao ser diagnosticada, é tratada e resolvida, ou pode persistir, provocando quadros repetidos e até cronificar. A recidiva ou recaída de ITU consiste em falha no tratamento e é causada pela mesma bactéria.

Já a reinfecção é a ocorrência de um novo episódio, sem relação com o anterior e é causada por um patógeno diferente daquele anterior. A ITU crônica representa a persistência do mesmo microrganismo por meses ou anos, com recidivas após o tratamento.

Há diferenças entre as definições de ITU recorrente em mulheres e homens, dada as características anatômicas do trato geniturinário de ambos. Assim, ITU recorrente leva em consideração o tempo entre um episódio e outro.

  • ITU recorrente na mulher: dois ou mais episódios no período de 6 meses ou três ou mais no período de 1 ano.
  • ITU recorrente em homem: dois ou mais episódios em 3 anos.

ITU complicada x ITU não complicada

  • ITU não complicada: Ocorre em mulheres jovens, sexualmente ativas, mas sem disfunções anatômicas e funcionais.
  • ITU complicada: sintomas sistêmicos e ocorre em indivíduos que já possuem algum fator predisponente à complicação por infecção e algum fator que pode ocasionar em problema na diurese (produção de urina pelo rim). Além disso, infecções do trato urinário alto são consideradas complicadas, sobretudo em crianças, gestantes e homens.

Bacteriúria assintomática

Bacteriúria é a eliminação de bactérias na urina. No exame de urina são encontradas bactérias acima de 100.000 por mL de urina.

  • 10³ – bactéras em urina de mulheres com cistite não complicada;
  • 104 – bactérias em urina de mulheres com pielonefrite não complicada;
  • 105 – uropatógenos em urina de homens e mulheres com ITU complicada.

Pacientes com, pelo menos, 100.000 bactérias por mL de urina e sintomáticos devem ser tratados como portadores de infecção urinária. No entanto, para a maior parte das pessoas com bactéria na urina, mas que não apresentam sintoma algum, não se faz necessário tratamento, pois se revolve espontaneamente. Porém, em pacientes imunossuprimidos, gestantes, idosos, pacientes cateterizados ou que irão realizar algum tipo de intervenção urológica, é necessário realizar o tratamento medicamentoso.

Sinais e sintomas clínicos

As ITU baixas, como a cistite, por exemplo, apresentam os sinais e sintomas abaixo:

  • Disúria (dor ao urinar);
  • Urgência miccional (vontade recorrente de fazer xixi);
  • Polaciúria (vontade recorrente de fazer xixi, mas só sai algumas gotinhas);
  • Hematúria (sangue na urina).

Em relação às ITU altas, como pielonefrite, por exemplo, os sinais e sintomas das ITU baixas se somam aos elencados abaixo:

  • Febre;
  • Náusea;
  • Vômito;
  • Dor nas costas na região da lombar.
  • Bacteremia (bactéria na urina).

Uma boa história clínica e um apurado exame físico é capaz de definir o diagnóstico médico. Os exames laboratoriais são complementares e nem sempre são solicitados para o tratamento das infecções de trato urinário, embora sejam capazes de especificar o patógeno causador do quadro infeccioso.

Diagnóstico laboratorial

  • Quantificação da bacteriúria: contagem de colônias – o critério diagnóstico que indica ITU é uma contagem maior ou igual a 105 UFC/ML (UFC: unidade formadora de colônia, que estima o número de bactérias ou fungos viáveis, capazes de se multiplicar) em amostra de jato médio. O resultado é avaliado com outros parâmetros clínicos obtidos na anamnese e exame físico do paciente.

É recomendável solicitar ultrassonografia (USG) ou tomografia computadorizada (TC) apenas em caso de não melhora da febre em até 72 horas.

Quando pedir urocultura?

Com exceção de episódios de ITU baixa não complicada (cistite, por exemplo) em mulheres saudáveis na pré-menopausa, uma cultura de urina é recomendada em todos os outros tipos de ITU antes do tratamento.

Importância da coleta de cultura:

  • Infecções de repetição;
  • Infecção nosocomial (infecção adquirida no hospital);
  • Pielonefrite aguda;
  • Falência de resposta (após 48 h de tratamento);
  • Persistência de sintomas maior do que sete dias;
  • Diabetes mellitus;
  • Gestantes;
  • Imunossupressão.

Tratamento

Os medicamentos utilizados agem matando as bactérias causadoras da infecção. Antibióticos orais e intravenosos, a depender do quadro, podem ser prescritos pelo médico. É importante, na ocorrência de algum sintoma, procurar atendimento na rede hospitalar.

Prevenção

Medidas de higiene pessoal promovem uma menor colonização do trato urinário, sobretudo em mulheres, dada suas características anatômicas. Além disso, a ingestão de líquidos com frequência representa importante medida profilática, bem como o aumento do número de micções, evitando segurar a urina por muito tempo. Para mulheres em pré e pós-menopausa deve-se considerar tomar antibiótico após a relação sexual.

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