Um conjunto de estudos investigou se existem indicativos que possam prever uma traição
Redação Publicado em 07/11/2021, às 11h00
Infidelidade é comum, podendo existir diversos tipos além da física: comprometimento condicional, intimidade sem sexo, mentira, ausência e frieza, perda de interesse sexual, desrespeito e egoísmo, por exemplo. Por esses motivos, é um pouco difícil dizer exatamente a prevalência da traição nos relacionamentos.
Entretanto, se olharmos especificamente para a infidelidade sexual, o número é mais palpável e gira entre uma em quatro ou uma em cinco pessoas que traem sua parceria. A traição é uma das razões mais comuns para o divórcio e para a procura de terapia de casal.
Como resultado, há interesse em entender se a infidelidade é previsível. Afinal, seria melhor poder identificar os principais indicativos para tal comportamento e evitar os efeitos que acompanham uma traição?
Um conjunto de estudos publicado no Journal of Sex Research se dedicou a determinar se a infidelidade é realmente previsível e quais são os maiores preditores para essa conduta.
Uma das pesquisas envolveu 891 adultos que foram questionados sobre suas experiências com infidelidade sexual (presencial e on-line). O segundo estudo contou com 202 casais que receberam as mesmas questões sobre o tema. Em ambas as análises, os pesquisadores coletaram informações sobre vida sexual, relacionamentos, origens demográficas e personalidades das pessoas.
Ao responder à pergunta se a infidelidade é previsível, a conclusão dos pesquisadores foi: "um pouco". Eles encontraram alguns fatores que eram preditores fracos e outros mais fortes.
Os autores descobriram que os indicativos mais robustos da infidelidade estão dentro da relação. Em outras palavras, os fatores demográficos (por exemplo, nível de escolaridade) e de personalidade (por exemplo, quão apegada uma pessoa é) não estavam “na raiz do problema”.
Até o gênero era, na melhor das hipóteses, um preditor sutil nesta pesquisa. Segundo os dados, ser homem era um forte preditor da infidelidade on-line.
O fato de que o gênero não estava entre os principais indicadores, em geral, sugere que a diferença histórica nesse aspecto em relação à infidelidade pode estar diminuindo - embora não esteja totalmente claro se as mulheres estão traindo mais agora ou se elas são apenas mais propensas a confessar do que eram no passado.
Confira:
Os preditores mais consistentes tendiam a ser associados com as características da vida sexual e os relacionamentos. Quem era mais propenso a trair tendia a:
As atitudes e comportamentos sexuais das pessoas também foram preditivos, apontando para uma propensão aumentada para a traição entre aqueles com atitudes sexuais mais liberais, bem como os que haviam se envolvido em uma gama mais ampla de comportamentos sexuais antes (como ter feito sexo anal ou ter usado brinquedos sexuais).
Em outras palavras, aqueles que veem o sexo através de uma lente mais restritiva parecem menos inclinados a trair. Mas é importante ressaltar que isso pode ser explicado, talvez, porque eles têm visões mais negativas em relação à infidelidade em um primeiro momento.
Uma descoberta interessante do conjunto de estudos foi que, embora estar menos satisfeito com o relacionamento previu maiores chances de infidelidade, havia uma amostra de pessoas altamente satisfeitas que haviam traído a parceria.
O que esse dado mostra? A infidelidade nem sempre é impulsionada por estar em um relacionamento infeliz ou com um sexo ruim (ou não) , às vezes é sobre algo totalmente diferente.
Assim, é fato que a infidelidade é complexa e não tem apenas uma causa possível. Com isso, ao tentar prever uma possível traição, podemos apenas apontar para uma coisa e ter uma conclusão precipitada.
Além disso, os resultados também sugerem que, quando se trata de prevenir a infidelidade, abordar necessidades, expectativas, desejos sexuais e questões de relacionamento no início provavelmente será a melhor estratégia.
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