Insegurança no bairro aumenta tendência a fumar, diz estudo

Região onde você vive influencia até sua propensão a usar substâncias

Tatiana Pronin Publicado em 18/06/2024, às 14h00

Bairros perigosos deixam as pessoas em um estado de vigilância aumentado - iStock

Pesquisas da Universidade de Houston indicam que mais pessoas fumam – e têm mais dificuldade para parar de fumar – em bairros onde se sentem inseguras.

Altas taxas de criminalidade, baixa presença policial ou falta de confiança, além de um histórico de negligência nesses bairros, resultam em um estado de vigilância aumentado por parte dos moradores para se protegerem contra danos pessoais.

Bairro tem influência sobre sua saúde

De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), nos EUA, os bairros onde as pessoas vivem têm um grande impacto em sua saúde e bem-estar. Embora esse tipo de fator de risco à saúde tenha sido cada vez mais valorizado em relação ao uso de substâncias, havia poucas pesquisas sobre relação entre moradia e tabagismo.

“Níveis altos de ameaça no bairro moldam percepções de impotência entre os moradores, amplificando um senso geral de desconfiança, que pode promover comportamentos de enfrentamento mal adaptativos como fumar”, relata Michael Zvolensky, professor de psicologia da Universidade de Houston, no periódico Substance Use & Misuse.

Zvolensky examinou o papel do estado de vigilância no bairro nas expectativas em relação à abstinência do tabagismo e a gravidade dos problemas enfrentados ao tentar parar de fumar.

A análise envolveu 93 adultos fumantes que estavam buscando tratamento para cessação do tabagismo. Do grupo, 64,5% se identificaram como negros ou afro-americanos, 30,1% se identificaram como brancos, 3,2% se identificaram como “outros” e 2,2%, como asiáticos. O grupo respondeu a perguntas sobre suas características sociodemográficas e sobre seus bairros.

Expectativas e sintomas reais de abstinência

“De modo geral, consistente com a previsão, maiores níveis de vigilância no bairro foram associados a expectativas negativas de abstinência ao tabagismo, incluindo humor negativo e consequências prejudiciais,” disse Zvolensky.

O estado de vigilância também foi associado a problemas mais graves ao tentar parar de fumar, mostrando que o bairro em que a pessoa vive tem uma forte influência sobre os desafios para abandonar o tabagismo.

O estudo aponta a necessidade de continuar coletando conhecimento teórico e programar intervenções clínicas para a cessação do tabagismo com foco em fatores de contexto social, como a segurança no bairro em que os pacientes vivem.  

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