Pesquisa mostrou que mulheres expostas a imagens sexualizadas têm maiores chances de desenvolver insatisfação corporal
Redação Publicado em 17/08/2021, às 13h00
Você já se perguntou se existem alguns hábitos que podem piorar nossa insatisfação com nossa imagem? Acompanhar, nas redes sociais, pessoas com corpos muito diferentes dos nossos, por exemplo, pode causar uma sensação ainda maior de não pertencimento, além de estabelecer uma pressão para alcançar algo que, muitas vezes, nem existe.
Foi pensando nisso que um estudo publicado pela revista Body Image chegou à conclusão de que a exposição a imagens sexualizadas no Instagram leva a uma maior insatisfação corporal.
Para entender isso, os pesquisadores analisaram 247 mulheres italianas de 19 a 32 anos que foram recrutadas para o estudo, a fim de avaliar as reações às imagens do Instagram e aos comentários que as acompanhavam.
As participantes foram convidadas a preencher vários questionários, incluindo um sobre insatisfação corporal. Então, depois de serem expostas aleatoriamente a um dos quatro vídeos de imagens do Instagram (sexualizadas ou não sexualizadas) combinadas com comentários, elas responderam a questionários de acompanhamento sobre insatisfação corporal, humor e futuras intenções de cirurgia estética.
A pesquisa revelou que mulheres jovens expostas a imagens sexualizadas relataram maior insatisfação corporal em comparação com os níveis de pré-exposição. No entanto, aquelas expostas a imagens não sexualizadas não relataram aumento da insatisfação corporal, indicando que a sexualização das imagens no Instagram é um fator influente na percepção corporal. Por outro lado, o tipo de comentários nas imagens não pareceu afetar a insatisfação corporal dos participantes.
Confira:
O estudo também analisou o papel da propensão ao vício no Instagram com aquelas que tiveram maior uso problemático da plataforma em comparação com aquelas que a usaram de forma mais esporádica. As descobertas sugerem que as mulheres que usaram a plataforma com mais frequência estariam mais propensas a considerar a cirurgia estética, especialmente depois de serem expostas a características objetivantes (imagens sexualizadas ou comentários de aparência) nos feeds do Instagram.
Francesca Guizzo, coautora do estudo e conferencista em Psicologia Social da Universidade de Surrey, disse: “Este é um estudo estimulante que reúne diferentes dimensões da pesquisa em saúde mental e destaca os fatores de risco. Descobertas como essas mostram que há uma ligação clara entre as imagens sexualizadas às quais as mulheres jovens são expostas no Instagram e como elas se sentem sobre si mesmas. Dado o destaque do Instagram como uma das plataformas de mídia social mais populares do mundo e a crescente prevalência de procedimentos cosméticos, essas descobertas são de particular interesse”. A pesquisadora ainda acrescenta que precisam ser feitas mais coisas para neutralizar a negatividade do corpo: “Ações como espalhar mensagens de positividade corporal podem funcionar para melhorar a satisfação corporal feminina”.
Katrina Jenkins, gerente de programas direcionados da Fundação de Saúde Mental, acrescenta: “Essa valiosa nova pesquisa aumenta o peso da evidência sobre a nocividade das imagens sexualizadas de pessoas que são comuns nas redes sociais. Também ecoa as descobertas de nossa própria pesquisa com uma ampla gama de adultos, que nos incentivaram a trabalhar para combater os efeitos de tais imagens. Criamos nossa campanha ‘Mind Over Mirror’ de acordo, oferecendo dicas e estratégias para enfrentar esse desafio. Por exemplo, pode ser útil estar atento ao que vemos nas redes sociais e como isso nos faz sentir. Deixar de seguir páginas do Instagram que encorajam comparações negativas também pode nos ajudar a assumir o controle sobre o efeito das mídias sociais em nossa imagem corporal e saúde mental”.
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