Depois do diagnóstico, é ideal que o paciente repense sua dieta e mude seus hábitos alimentares
Giulia Poltronieri Publicado em 09/03/2021, às 09h53
A intolerância à lactose é algo bastante comum, que pode estar presente na vida de muita gente.
Segundo a gastroenterologista Débora Poli, sua prevalência pode variar entre as populações, sendo menos frequente entre europeus do norte da Europa e muito frequente — até 90% — entre asiáticos. Ela também varia entre as faixas etárias, ficando mais comum conforme a idade vai avançando, e ainda depende da quantidade de leite e derivados consumidos. No Brasil, acredita-se que cerca de 40% dos adultos apresentem intolerância à lactose.
Esse é o nome dado para quando a pessoa não consegue digerir adequadamente alimentos que possuam o açúcar presente no leite, chamado lactose. Normalmente, quando consumimos esse açúcar, uma enzima em nosso corpo, conhecida como lactase, consegue quebrá-lo em partes menores, a fim de que seja absorvido.
Uma pessoa intolerante não tem lactase na quantidade necessária para fazer essa quebra e permitir que o corpo absorva a lactose. E é a partir daí que o paciente começa a ter os sintomas.
De acordo com a médica, existem três formas de intolerância:
Os sintomas variam de pessoa para pessoa e de acordo com a quantidade ingerida de lactose. No entanto, eles costumam aparecer entre 30 minutos a 2 horas depois da ingestão e os mais comuns são: gases, plenitude (estufamento), náuseas, diarreia (pode ter também constipação), flatulência, cólicas, dor no corpo, cãibras, dor de cabeça, irritabilidade.
Porém, apesar de trazer tantos sintomas, muitas pessoas intolerantes à lactose continuam consumindo os derivados de leite normalmente e optam por enfrentar as consequências depois. Felizmente, a gastroenterologista explica que não existem maiores riscos para os adultos com intolerância à lactose, além do desconforto e mal-estar. Não é uma condição que pode progredir para outra coisa mais grave e não tem relação com câncer, nem com outras doenças. Mas produz diversos sintomas e pode afetar bastante a qualidade de vida dos pacientes.
Além de observar os próprios sintomas, também é possível fazer exames para constatar a intolerância e descobrir seu grau.
O mais comum é o próprio teste de tolerância à lactose, em que a pessoa ingere, em pequenas quantidades, a lactose dissolvida em água, com intervalos de tempo regulados pelo médico. O resultado analisa (além do claro desconforto na hora do exame) a variação dos níveis de glicose após ingestão de lactose.
Se o paciente apresentar um aumento significativo na glicose, significa que ele não possui intolerância, afinal, seu corpo conseguiu digerir o açúcar do leite.
Além desse, a gastroenterologista também cita o teste respiratório de intolerância à lactose, em que o paciente ingere uma quantidade de lactose, que será fermentada por bactérias do intestino grosso, em vez de digerida, e haverá produção de gás carbônico e hidrogênio que, por sua vez, após absorção intestinal são eliminados no ar expirado pelos pulmões e medidos em concentrações maiores que em indivíduos normais. Por fim, também há o teste genético, em que se faz a pesquisa das mutações que determinam a produção da enzima lactase.
O ideal é que se evite consumir produtos derivados do leite, justamente para não sofrer com o desconforto dos sintomas. No entanto, atualmente também existem no mercado algumas opções da enzima lactase, que deve ser tomada alguns minutos antes da ingestão de alimentos com lactose.
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