Redação Publicado em 22/07/2021, às 13h30
Entre as inúmeras funções de um celular, a de fugir do tédio abrindo jogos e aplicativos, está entre as principais utilizadas. Contudo, de acordo com um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Waterloo, esse hábito pode ser prejudicial.
Segundo eles, “jogadores de fuga” entediados – aqueles que têm dificuldade de se envolver com o ambiente real e manter a atenção – podem buscar “fluxo”, que é um estado profundo e sem esforço de concentração em uma atividade ligada à perda de consciência de tempo e espaço.
“Descobrimos que pessoas que experimentam tédio intenso com frequência na vida cotidiana relataram jogar nos smartphones para escapar ou aliviar esses sentimentos de tédio”, disse Chanel Larche, autora principal do estudo e candidata a PhD em neurociência cognitiva em Waterloo. “O problema com essa ‘correção’ do tédio é que eles jogam sempre que estão entediados e acabam tendo problemas ligados ao jogo excessivo.”
“Durante o jogo, os jogadores podem atingir a excitação ideal, foco e atenção engajados e uma redução na sensação de monotonia, mas esse desejo cada vez maior de jogar pode ter consequências negativas e levar a jogos excessivos.”
Larche conduziu esse estudo com o professor de neurociência cognitiva de Waterloo, Michael Dixon.
Usando o popular jogo de smartphone “Candy Crush”, Larche e Dixon tiveram 60 participantes com classificações de nível atual no jogo entre 77 e 3.307, jogando em vários níveis de dificuldade muito fáceis – o que significava que havia uma falta de equilíbrio entre habilidade e desafio, baixo fluxo e baixa animação – a equilibrada, o que era mais desafiador e causava maior fluxo, animação, menos tédio e uma necessidade maior de continuar o jogo. Isso foi feito para determinar se os jogadores escolheriam continuar em um jogo em que houvesse um equilíbrio entre desafio e habilidade que conduzisse ao fluxo, em vez de um jogo mais fácil que geraria menos fluxo.
Os resultados confirmaram que os indivíduos que jogam para escapar do tédio usando jogos para smartphones, como “Candy Crush”, ficam mais imersos na jogabilidade do que os outros que utilizam por outros motivos. No entanto, quando os jogadores de fuga consideram esses jogos mais recompensadores como um alívio do tédio, eles podem jogar com mais frequência e por períodos mais longos.
Confira:
“Aqueles que jogam para escapar experimentam maior fluxo e afeto positivo do que outros jogadores, o que cria um ciclo de jogos para elevar o humor deprimido”, disse Dixon. “Isso não é adaptativo porque, embora eleve o seu humor, também aumenta a sua vontade de continuar jogando. Jogar muito pode levar ao vício e significa menos tempo disponível para outras atividades mais saudáveis. Isso pode realmente aumentar a sua depressão.”
Larche diz que essas descobertas podem encorajar os desenvolvedores de jogos a considerar a implementação de ferramentas de videogames responsáveis diretamente em seus jogos. Por exemplo, ter uma opção de limite de tempo para permitir que os jogadores especifiquem por quanto tempo desejam jogar pode ser útil para aqueles suscetíveis a jogos de fuga problemáticos.
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