Apesar dos resultados, os pesquisadores observam que ainda é cedo para deixar a preocupação de lado
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h43 - Atualizado às 11h27
Um estudo realizado em quatro países sugere que jogos na internet são menos viciantes que os tradicionais jogos de azar. Trata-se da primeira pesquisa feita com o objetivo de medir a escala da dependência por jogos na população geral utilizando como base a lista de sintomas definida pela Associação Americana de Psiquiatria. Mas isso não significa, de jeito nenhum, que a preocupação sobre o tema seja deixada de lado.
Os cientistas, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, avaliaram uma amostra de 19 mil homens e mulheres do próprio país, dos Estados Unidos, do Canadá e da Alemanha. Desses, 2 ou 3% relataram ter experimentado cinco ou mais sintomas da lista, sendo que entre 0,5 e 1% citou sentimentos de sofrimento significativo por não conseguir se controlar diante dos jogos. Os números representam a metade da prevalência encontrada para jogos de azar.
Os principais sintomas da lista são preocupação excessiva com jogos na internet, ansiedade e abstinência quando o jogo é tirado de perto, tempo cada vez maior gasto com a atividade, interesse reduzido por outras coisas e isolamento social. Mas, para os pesquisadores, o sofrimento é uma característica-chave da dependência.
No trabalho publicado no American Journal of Psychiatry, os autores concordam que faltam mais estudos de qualidade com resultados semelhantes aos que foram obtidos por eles. Os autores observam que, considerando os 160 milhões de norte-americanos que consomem esses jogos on-line, mais de 1 milhão poderiam estar viciados. O número é alto demais para que o tema seja deixado em segundo plano. Ainda que a prevalência seja mais baixa que a de jogos de azar, muitos jovens se isolam e perdem oportunidades importantes na vida por causa da internet, quando deveria ser justamente o contrário.