A catarata é uma doença dos olhos muito associada à maturidade. Mas é importante que as pessoas saibam que a condição também pode surgir em jovens, algo que tem se tornado cada vez mais comum.
A doença, que provoca uma opacidade no cristalino, uma espécie de lente natural que fica no globo ocular, pode levar à perda progressiva da visão, caso não seja tratada. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), essa é uma das principais causas de cegueira no mundo.
“No caso dos jovens, a catarata está associada a fatores genéticos, traumas ou uso prolongado de medicamentos, como corticosteroides”, explica o oftalmologista Bruno Manni, do Hospital CEMA, em São Paulo.
O especialista explica que a maioria dos estudos sobre catarata se concentra na população acima dos 50 anos, afetada com maior frequência. “No entanto, observações clínicas indicam que há um aumento de casos em pessoas mais jovens, principalmente entre 20 e 40 anos”, avisa.
Além dos fatores de risco mencionados acima, o oftalmologista relata que o aumento da obesidade na população também pode justificar a elevação dos casos em indivíduos mais jovens.
O excesso de peso pode aumentar a vulnerabilidade para diversas condições, como o diabetes tipo 2. “O aumento dos níveis de glicose no sangue pode alterar o metabolismo do cristalino, favorecendo a opacificação da lente ocular, característica principal da catarata”, acrescenta.
Além disso, o estresse oxidativo provocado pela obesidade também pode acelerar o processo de envelhecimento das células, o que inclui o cristalino.
Outro fator de risco que pode colaborar para o desenvolvimento da catarata em idade precoce é a exposição solar. Com as mudanças climáticas, esse é outro fator de risco que precisa ser considerado: “Os raios UV danificam as proteínas no cristalino, levando à sua opacificação com o tempo”.
Os sintomas da catarata em jovens são semelhantes aos observados em pessoas mais velhas, e incluem:
O tratamento da catarata, em qualquer idade, é exclusivamente cirúrgico. O procedimento envolve a remoção do cristalino opaco e a sua substituição por uma lente intraocular artificial.
Não existe idade mínima para fazer a cirurgia, e a decisão de operar depende do grau de comprometimento da visão e impacto na qualidade de vida do paciente.
“Em jovens, a cirurgia pode ser indicada mesmo em casos de catarata leve, se a visão estiver prejudicando atividades importantes como estudar ou trabalhar”, comenta Manni.
Após a cirurgia, não existe risco de a doença voltar. No entanto, o médico explica que pode ocorrer a opacificação da cápsula posterior, uma membrana fina que envolve a lente intraocular. Essa condição, chamada de catarata secundária, é facilmente tratada com um procedimento ambulatorial, com uso do laser.
Para minimizar os riscos de desenvolver catarata em idade precoce, o médico faz algumas recomendações:
Tatiana Pronin
Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY. Twitter: @tatianapronin