Estudo sugere que a rotina adotada durante isolamento social trouxe benefícios para essa população
Redação Publicado em 06/04/2021, às 16h30
Ter uma rotina bem definida é um aspecto essencial na vida de pessoas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Com a imposição de medidas restritivas de isolamento social para conter o avanço da Covid-19 em todo o mundo, a rotina de muitos autistas precisou ser subitamente interrompida e, ao contrário do que se imaginava, essa nova situação proporcionou impactos positivos na comunicação e na interação com suas respectivas famílias.
Essas são afirmações de um estudo conduzido pela Universidade Aberta da Catalunha (UOC - Espanha) que, durante o período mais rigoroso do confinamento - março a junho de 2020 - , analisou o comportamento de jovens com TEA para estabelecer um suporte mais adequado conforme suas necessidades em um futuro próximo.
De acordo com os autores do estudo, a maioria das famílias participantes observou uma mudança no estado emocional dos jovens autistas. Os pais, principalmente, relataram que, ao longo do isolamento social, os filhos eram mais felizes, calmos e comunicativos do que antes, além de participarem mais ativamente do convívio da casa. Em grande parte, eles foram beneficiados com o aumento da convivência em família e das rotinas adotadas nesse período.
Para os pesquisadores, em um contexto normal, as horas de trabalho não facilitam que os familiares tenham mais tempo de qualidade com esses jovens, visto que a alta carga horária dificulta a busca por um equilíbrio entre vida profissional e pessoal. Porém, com a flexibilidade oferecida pela pandemia, as famílias passaram a ter mais tempo para cuidar, crescer, ensinar e progredir com seus filhos.
Mesmo com esses resultados, os participantes relataram maiores dificuldades no início da quarentena. Isso aconteceu não apenas pela interrupção de grande parte dos hábitos diários, mas também porque os recursos assistenciais e educacionais ainda não estavam preparados para essa nova situação.
Segundo os pesquisadores, muitos entrevistados lamentaram a falta de apoio das instituições de ensino que, como outras escolas, precisaram se reorganizar totalmente. Entretanto, esse período de adaptação também foi importante para que as famílias pudessem dar mais valor à maior disponibilidade de tempo para passar com seus filhos e conhecê-los melhor.
Além das percepções apresentadas acima, os pesquisadores também avaliaram a adaptação e respostas dos jovens com TEA a processos que tinham menos intimidade, como o uso de novas tecnologias para manter contato com outras pessoas, principalmente as chamadas de vídeo.
Eles descobriram que pessoas com autismo também respondem bem aos novos meios de comunicação e, por exemplo, ao ver familiares, professores ou amigos através de ligações por vídeo feitas durante o confinamento, tiveram maior sensação de felicidade, bem-estar e calma.
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