Redação Publicado em 28/06/2021, às 11h25
A adolescência, por si só, já é um período conturbado, cheio de emoções, estresse e dúvidas, mas isso pode piorar ainda mais para jovens da comunidade LGBTQIA+. Um novo estudo da American University revela como o sofrimento emocional está relacionado ao estigma em torno da orientação sexual.
"Embora saibamos que os jovens LGBTQIA+ sofram bullying, discriminação e microagressões durante a adolescência, não sabemos o quão prevalentes são essas experiências em suas vidas cotidianas", explica Ethan Mereish, psicólogo e um dos autores da pesquisa. "Nosso estudo mostra que os jovens LGBTQIA+ passam por estresse relacionado à orientação sexual e essas experiências estão associadas a maiores emoções negativas, que podem levar à depressão ou outros problemas de saúde mental".
Os pesquisadores já sabem há muito tempo que alguns fatores podem estressar os jovens LGBTQIA+. No entanto, o que é menos compreendido são os seus efeitos diários e o bem-estar dos jovens lidando com isso. O que causa o estresse pode variar desde ouvir comentários homofóbicos, transfóbicos ou racistas, até coisas ainda mais graves, como sofrer discriminação, preconceito e assédio diretamente relacionados à orientação sexual ou identidade de gênero de uma pessoa.
Os jovens LGBTQIA+ correm maior risco de problemas de saúde mental, incluindo depressão, em comparação com pessoas heterossexuais e cisgêneros. "Ter emoções negativas não necessariamente deixa alguém clinicamente deprimido; no entanto, se persistirem por vários dias e semanas, pode se tornar depressão", aponta Mereish.
Confira:
Para o estudo, quase 100 jovens e adolescentes com diversidade racial e sexual, entre 12 e 18 anos, foram ouvidos em Washington, D.C., com o maior número de participantes cursando o ensino médio. Os participantes preencheram um diário, que consistia em responder a pesquisas diárias. Todos os dias, durante 21 dias, os participantes receberam um link para uma pesquisa que perguntou sobre suas experiências nas últimas 24 horas para avaliar seu nível de angústia em torno de fatores de estresse. As perguntas eram feitas levando em conta suas experiências com discriminação, preconceito, assédio e rejeição. Os participantes também preencheram um questionário psicológico como medida de referência.
De acordo com os resultados do estudo, os participantes mostraram, em média, 17 dias de estresse, durante o período de monitoramento de 21 dias, e alguns participantes apontaram ainda mais. A maioria dos participantes atribuiu isso à sua orientação sexual. Algumas situações foram mais vividas do que outras, como ver ou ouvir mensagens negativas ou ofensivas; sentir-se desconfortável ou inseguro por causa de sua identidade; e ser mal-interpretado.
Nos dias em que os participantes experimentaram um número maior de estresse, eles relataram emoções negativas mais elevadas no mesmo dia, ou "afeto negativo", um termo médico que se refere a estados de humor e estados emocionais. Além disso, os jovens mostraram maior afeto negativo nos dias em que viveram um estresse específico da orientação sexual. Uma associação semelhante entre estresse e emoções negativas foi encontrada nos dias em que ocorreram estressores relacionados a outras identidades, como gênero ou raça.
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