Ampliação da vacina meningocócica ACWY (conjugada) é temporária, mas não a do HPV
Redação Publicado em 13/09/2022, às 15h00
O Ministério da Saúde ampliou o acesso dos jovens às vacinas contra doença meningocócica (de forma temporária) e também contra o HPV, que agora está disponível de forma permanente para mais jovens e adultos do sexo masculino. A iniciativa ocorre num cenário em que o país se encontra com baixa cobertura vacinal, algo que se agravou a partir de 2020, com a pandemia de Covid-19.
A vacina meningocócica ACWY (conjugada), implantada no Calendário Nacional de Vacinação do Ministério da Saúde em 2020, agora está disponível para adolescentes de 11 e 12 anos até junho de 2023. Apesar de a faixa etária de maior risco de adoecimento ser a de crianças menores de um ano de idade, os adolescentes e adultos jovens são considerados os principais responsáveis por manter a circulação da doença.
A pasta também anunciou a ampliação da oferta da vacina quadrivalente contra o HPV para meninos de 9 a 14 anos. Isso significa que, agora, tanto adolescentes do sexo masculino quanto do feminino dessa faixa etária podem se imunizar de graça contra a doença.
O HPV está envolvido não apenas no desenvolvimento do câncer do colo do útero, vulva e vagina, mas também do câncer de orofaringe (boca e garganta), ânus e pênis. Além disso, a infecção pode provocar verrugas genitais que não são malignas, mas também constituem um problema de saúde pública. Vale lembrar que o uso da camisinha não é capaz de proteger 100% contra essa infecção.
Também houve ampliação do acesso à vacina contra HPV para a população masculina imunossuprimida com até 45 anos de idade, ou seja, transplantados, pacientes que fazem tratamento contra o câncer ou vivem com HIV. O esquema utilizado é o tradicional, com três doses, independente da idade.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), existem de 9 a 10 milhões de infectados pelo HPV no Brasil, e há 700 mil novos casos por ano dessa infecção. A vacinação em adolescentes ocorre em mais de 100 países, e vários deles já acumulam evidências do impacto positivo da imunização.
Apesar da fama de país que leva a vacinação a sério, o Brasil tem enfrentado uma queda geral na cobertura vacinal desde 2015, que se agravou durante a pandemia. A poliomielite, por exemplo, uma doença que causa paralisia infantil e pode ser fatal, foi considerada eliminada em 1994. Mas o país voltou a ser considerado como local com risco para a volta da doença, segundo reportagem da Agência Brasil. O mesmo ocorreu com o sarampo – o Brasil recebeu o certificado de eliminação em 2016, mas três anos depois perdeu esse reconhecimento por causa de um surto que se espalhou por diversos estados.
Esse declínio pode ser explicado pela falsa sensação de segurança que as pessoas adquiriram ao longo dos anos, sem ver conhecidos doentes. Também pesam fatores como a falta de campanhas educativas mais amplas e fake news que circulam rapidamente pela internet. Por isso é muito importante que pais, médicos e os próprios jovens fiquem atentos.
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