Nos últimos anos, o campo da dermatologia vem experimentando mudanças muito grandes em termos de tratamentos. Antes confinada como uma especialidade praticamente só clínica, com a chegada dos lasers, ela se tornou também cirúrgica.
O termo laser é uma sigla para as palavras Light Amplified Stimulation Energy Radiation. Existem vários tipos de laser para uso em dermatologia.
A população leiga, além de não conhecer as diferenças entre eles, também confunde vários tipos de tecnologias usadas em dermatologia como se fossem todos iguais e, por vezes, tem dificuldade em perceber quando se trata do nome comercial de uma plataforma que contem vários tipos de lasers juntos, como é o caso do famoso Fotonaâ ou do Spectraâ.
A primeira coisa a se entender é a diferença entre "luz intensa pulsada" e "laser". As duas são usadas para rejuvenescer a pele, clarear as manchas amarronzadas e diminuir as telangiectasias (vasinhos de pele). Mas a luz intensa atinge vários alvos, enquanto que o laser tem um alvo apenas. Por esse motivo, para tratar cada um desses problemas cutâneos citados, teríamos que usar um tipo de laser para manchas, outro para as telangiectasias e, por vezes, outro para rejuvenescer a pele, formando colágeno.
Se é dessa forma, então por que não usar sempre um aparelho com luz pulsada ao invés de tratar com lasers? Porque como essa tecnologia não tem um alvo único, ela não consegue ter a eficiência do laser para nada. Trata um pouco de tudo isso, mas nada muito bem. Para ela conseguir um resultado similar ao dos lasers teriam que ser feitas múltiplas sessões.
Por esse motivo, os dermatologistas de ponta têm abandonado essa tecnologia que ficou mais reservada ao uso em clínicas não médicas para estética e depilação.
Os dermatologistas preferem o uso de lasers, pois esses não danificam os tecidos circunvizinhos ao alvo que queremos tratar. Por exemplo, se um paciente com a pele mais bronzeada fizer uma sessão de laser para depilação, ele tem a segurança de não manchar, pois os lasers para essa finalidade somente atingem o folículo piloso. Se, ao contrário, ele fizer a depilação com luz pulsada, a chance de manchar a pele é grande, pois essa tecnologia não atinge apenas os folículos pilosos, mas também a pele em volta deles.
Claro que o investimento das clínicas dermatológicas em aparelhos de lasers ou outras tecnologias é alto, pois para cada finalidade se usa um tipo.
Para formar mais colágeno, é necessário ter lasers que atingem a derme; para se fazer depilação, é necessário ter aparelhos que atingem o folículo piloso; para se tratar vasinhos, devemos ter lasers que tenham como alvo o pigmento da hemoglobina; e para tratar manchas, o laser deve ter como alvo a melanina.
Outras tecnologias também são muitas vezes confundidas com laser. São elas a radiofrequência, que trata flacidez e gordura localizada esquentando a pele e o tecido gorduroso. Essa tecnologia é muito utilizada e de acesso mais fácil e versátil, pois ela pode ser aplicada apenas superficialmente ou de maneira mais interna no módulo fracionado, penetrando na pele por meio de microagulhas. Atualmente temos inclusive aparelhos que usam essa tecnologia por meio de cânulas de lipoaspiração, com o paciente sedado.
O ultrassom microfocado muitas vezes também é confundido com laser. Muito diferente dos lasers, é igual ao usado para exames de visualização, porém penetra na pele de forma cônica, causando com isso um dano nos tecidos que age como uma cicatriz interna que será resolvida pelo organismo e trará um benefício para a pele, como, por exemplo, um lifting não cirúrgico.
Mais recentemente entrou para o arsenal terapêutico do dermatologista aparelhos que usam jato de plasma, que consegue sublimar a pele, causando uma retração dela e, com isso, uma melhora de rugas e flacidez, principalmente das pálpebras.
Finalizando, digo que esse tema é bastante longo e complicado de se explicar. Então sugiro que cada pessoa procure sempre o dermatologista no qual confia e peça para ele escolher o tipo de laser ou tecnologia que quer utilizar para tratá-lo e o porquê dessa escolha.
*Dra. Mônica Aribi é dermatologista, sócia efetiva da Sociedade Brasileira de Dermatologia, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica e International Fellow da Academia Americana de Dermatologia. É mestra em Ciências da Saúde pelo IAMSPE, Membro Internacional da European Academy of Dermatology and Venerology e Coordenadora do Setor de Cosmiatria do Hospital Ipiranga. CRM: 53.387 | RQE: 35.101. Instagram: @dramonicaaribi
Mônica Aribi
Dermatologista, sócia efetiva da Sociedade Brasileira de Dermatologia, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica e International Fellow da Academia Americana de Dermatologia. A médica é Mestra em Ciências da Saúde pelo IAMSPE, membro Internacional da European Academy of Dermatology and Venerology e coordenadora do Setor de Cosmiatria do Hospital Ipiranga. CRM: 53.387 | RQE: 35.101. Instagram: @dramonicaaribi
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