Jairo Bouer Publicado em 04/12/2019, às 14h47
Usar maconha diariamente durante a gravidez pode reduzir os níveis de oxigênio para o feto, e levar o bebê a nascer com baixo peso e baixa resistência a infecções. Essas foram as principais conclusões de um estudo que acompanhou 450 gestantes que usaram a droga, publicado esta semana no Journal of Maternal-Fetal and Neonatal Medicine.
Os pesquisadores, da Universidade de Nevada, nos EUA, alertam que a interferência do uso no crescimento fetal pode submeter o bebê a diversos problemas de saúde durante a gravidez e o parto, ou logo depois do nascimento. Eles citam a possibilidade de nascer com baixos índices de Apgar (teste que avalia a vitalidade do recém-nascido) e de sofrer hipoglicemia (baixo açúcar no sangue), sendo que em casos mais graves o dano pode ser fatal.
Falsa crença
A maconha é legalizada em diversos estados norte-americanos, o que faz muita gente crer que se trata de uma droga segura. Dados recentes do periódico Jama, a revista da Associação Médica Americana, indicam que o consumo da erva na gravidez dobrou nos últimos 15 anos. As estimativas são de que 16% das gestantes usem maconha diariamente. O mais alarmante é que, segundo esses levantamentos, as mulheres acreditam que há pouco ou nenhum risco para o bebê. Algumas até acreditam que a erva funcione como um remédio seguro para aliviar o enjoo matinal.
Os autores da pesquisa, coordenados pelo médico Bobby Brar, reforçam as evidências já existentes de que a exposição fetal à maconha não é inócua como muita gente imagina. Um dos componentes apontados como problemáticos para o feto são os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, também presentes no tabaco.
Fumo passivo
Os pesquisadores da Universidade de Nevada também sugerem que o fumo passivo também pode ser arriscado para o feto – alguns estudos recentes indicam que haveria maior concentração dessas substâncias nocivas no fumo passivo de maconha em comparação com o fumo passivo de tabaco. Isso deve servir de alerta para quem convive com uma gestante.
Embora eles avisem que são necessárias pesquisas adicionais para entender melhor os impactos negativos do uso diário de maconha no crescimento fetal, a equipe defende que o consumo e a exposição à fumaça sejam evitados durante toda a gravidez. E que as gestantes sejam orientadas sobre estratégias para interromper o uso, quando for o caso.