Redação Publicado em 17/03/2021, às 19h00
De "Crepúsculo" a "Harry Potter", as narrativas de ficção continuam conquistando milhões de corações e atravessando gerações. Apesar de não serem consideradas “alta literatura”, segundo um novo estudo publicado na revista Reading and Writing, pessoas que leem qualquer tipo de ficção - mesmo as da indústria de massa - provavelmentre terão habilidades linguísticas melhores.
Os pesquisadores da Universidade de Concórdia (Canadá) descobriram que os indivíduos que liam ficção por prazer e, de alguma forma, se identificavam como leitores, tiveram uma pontuação maior nos testes de idioma quando comparados àqueles que liam apenas para acessar alguma informação específica.
De acordo com a equipe, com o passar do tempo, a leitura por lazer diminui entre os jovens adultos, especialmente, e a descoberta enfatiza que recordar esse aspecto divertido pode atraí-los novamente e, ao mesmo tempo, aumentar suas habilidades verbais.
A pesquisa utilizou uma escala chamada Predictors of Leisure Reading (PoLR) para investigar o comportamento de leitura, levando em consideração motivações, obstáculos, atitudes e interesses. Através do método, os pesquisadores examinaram o quão bem o PoLR previu as habilidades linguísticas de 200 estudantes de graduação.
Observando os resultados, notou-se que a faixa etária dos participantes é um ponto chave para o estudo. Isso porque, no início da vida adulta, a leitura torna-se autodirecionada ao invés de ser algo imposto pelos outros e, sendo assim, este é um momento de desenvolvimento dos próprios hábitos de leitura.
Para realizar a pesquisa, primeiramente os voluntários completaram a escala PoLR formada por 48 perguntas que mediam diversos fatores de leitura. Logo em seguida, eles foram submetidos a testes linguísticos semelhantes ao SAT (Scholastic Aptitude Test - exame educacional americano que serve de critério para admissão nas universidades do país).
Os participantes também realizaram o teste de reconhecimento do leitor, feito para mensurar os hábitos de leitura de cada um. Nesse caso, os entrevistados precisaram selecionar nomes de autores de ficção e não-ficção que estejam familiarizados a partir de uma longa lista de nomes reais e falsos.
As pontuações neste último teste se correlacionam tanto com o comportamento de leitura real, quanto com as habilidades verbais, visto que aqueles que conquistaram uma pontuação mais alta leem mais e apresentam melhores habilidades linguísticas do que aqueles que pontuaram menos.
Depois de analisar todos os dados, os pesquisadores concluíram que o prazer em ler, atitudes positivas e interesses profundamente estabelecidos preveem melhores habilidades linguísticas e estavam mais associadas à exposição à ficção do que à não ficção.
Os benefícios da leitura foram estabelecidos há muito tempo e não é nenhuma novidade. Além de ter melhor capacidade verbal, quem lê ao longo da vida também tende a ser mais compreensivo com os outros, mais empático, menos preconceituoso, alcançar um nível de vida socioeconômico maior e, até mesmo, viver uma vida mais longa e saudável quando comparados aos não leitores.
Para os pesquisadores, pais e professores devem nutrir o amor pela leitura, deixando crianças e jovens lerem o que querem sem nenhum tipo de culpa ou vergonha. Ou seja, é positivo quando eles apresentam a vontade de ler algo repetidas vezes, sentem obrigação de ler uma série inteira ou, ainda, se veem conectados a personagens e autores.
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