Um estudo avalia os motivos do maior percentual em relação à população heterossexual
Redação Publicado em 14/11/2021, às 15h00
O público formado por lésbicas, gays e bissexuais tem seis vezes mais chance de cometer suicídio, de acordo com a revista científica americana Pediatrics, que ainda afirma: o risco de suicídio é 21,5% maior quando esse público convive em ambientes hostis à sua orientação sexual ou identidade de gênero.
O risco de suicídio entre lésbicas, gays e bissexuais adultos varia bastante, conforme a relação entre a identidade sexual e outros aspectos, como gênero, idade e raça/etnia, de acordo com um estudo conduzido por pesquisadores do Instituto Nacional de Saúde Mental (NIMH). O trabalho analisou dados de uma pesquisa de abrangência nacional com adultos dos Estados Unidos e revelou que adultos lésbicas, gays e bissexuais tiveram maior propensão a relatar pensamentos, planos e tentativas de suicídio nos últimos 12 meses em comparação com adultos heterossexuais.
Tais constatações foram publicadas no American Journal of Preventive Medicine, e apontam que a intersecção de múltiplas identidades sociais pode aumentar o risco de suicídio para alguns indivíduos lésbicas, gays e bissexuais.
Conforme declarou Rajeev Ramchand, PhD, consultor sênior em epidemiologia e prevenção de suicídio no NIMH e principal autor do estudo, os achados demonstram a importância de perguntar sobre a identidade sexual durante a coleta de dados em nível nacional e destacam a necessidade urgente de serviços de prevenção do suicídio relacionados às experiências e necessidades específicas de lésbicas, gays e adultos bissexuais de diferentes gêneros, idades e raças e grupos étnicos.
Quando examinados como um grupo, adultos que se identificam como lésbicas, gays ou bissexuais têm taxas mais altas de pensamentos suicidas e tentativas em relação aos adultos heterossexuais, segundo mostraram pesquisas feitas anteriormente. No entanto, poucos estudos investigaram a variação dentro desse grupo no risco de suicídio.
A hipótese formulada pela equipe de pesquisa foi a de que o risco de suicídio pode variar, e muito, conforme a identidade sexual, gênero, idade ou raça/etnia de uma pessoa. Para testar essa hipótese, os pesquisadores analisaram dados da Pesquisa Nacional de Uso de Drogas e Saúde (NSDUH), um estudo em nível nacional com civis adultos nos Estados Unidos.
Os pesquisadores examinaram dados de 2015, quando o estudo introduziu pela primeira vez questões sobre identidade sexual, até 2019. Os dados resultantes somaram um total de 191.954 participantes, 14.693 dos quais identificados como lésbicas, gays ou bissexuais.
Durante a pesquisa, os participantes declararam sua identidade sexual (heterossexual, lésbica ou gay, bissexual ou “não sei”) e se tiveram pensamentos suicidas, planos de suicídio ou tentativas de suicídio em algum momento nos últimos 12 meses. Esses dados foram examinados em relação a certas características individuais, como idade (18-24, 25-34, 35-64), raça/etnia (branca, negra, hispânica, outra raça/multirracial) e gênero (homem, mulher). Também foram consideradas certas características sociodemográficas, como nível de escolaridade e situação de emprego.
Os dados da NSDUH, segundo pesquisas anteriores, mostraram que as taxas de todos os três comportamentos relacionados ao suicídio – pensamentos, planos e tentativas – eram geralmente mais altas entre lésbicas, gays e adultos bissexuais do que entre adultos heterossexuais. Depois de incluírem fatores demográficos, descobriu-se que o risco de suicídio era de três a seis vezes maior para lésbicas, gays e adultos bissexuais do que para adultos heterossexuais, em todas as faixas etárias e categorias de raça/etnia.
Entre os homens gays e bissexuais, 12% a 17% pensaram em tirar suas vidas no ano anterior, 5% haviam traçado um plano de suicídio e cerca de 2% haviam feito uma tentativa de suicídio. Entre mulheres lésbicas e mulheress, 11% a 20% tiveram pensamentos suicidas, 7% esboçaram um plano de suicídio e cerca de 3% fizeram uma tentativa de suicídio.
As informações não mostraram diferenças no risco de suicídio de acordo com a raça/etnia, entre homens gays e bissexuais. No entanto, entre as mulheres lésbicas e bissexuais, os dados indicaram que as afrodescendentes tinham menor risco de pensamentos e planos suicidas em relação às mulheres brancas.
Analisando a intersecção específica entre a identidade sexual minoritária e raça/etnia, os pesquisadores descobriram que as mulheres brancas e negras que se identificaram como bissexuais eram mais propensas a relatar pensamentos suicidas em relação às mulheres brancas e negras que se identificaram como lésbicas.
Considerando a intersecção entre identidade sexual minoritária e idade, descobriu-se que os pensamentos suicidas também eram relativamente maiores entre mulheres bissexuais no grupo de 35-64 anos, em comparação com mulheres lésbicas na mesma faixa etária.
Confira:
De acordo com os pesquisadores, os dados do NSDUH têm limitações, com poucas opções para os participantes relatarem seu sexo, identidade sexual e raça/etnia. Além disso, a pesquisa não inclui perguntas sobre identidade de gênero. Também foi colocado que os dados da NSDUH são observacionais e não fornecem evidências de qualquer efeito causal da identidade em pensamentos e comportamentos suicidas.
Juntos, esses resultados mostram claramente que lésbicas, gays e adultos bissexuais não constituem um grupo uniforme quando se trata de risco de suicídio. Em vez disso, o risco de suicídio varia consideravelmente dependendo da intersecção entre identidade sexual, gênero, idade e raça / etnia.
Fonte: National Institute of Mental Health
Não existe uma receita para identificar se uma pessoa próxima da gente está pensando em tirar a própria vida. Algumas pessoas podem dar algumas pistas de que estão sofrendo, ou que têm pensado na morte, enquanto outras, não. Mas algumas atitudes merecem atenção:
Mudanças repentinas de comportamento ou personalidade (a pessoa de repente fica mais calada, passa a se isolar, ou parece mais agitada do que de costume, etc.);
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Palavras, desenhos ou expressões que demonstram falta de esperança, pessimismo, sensações de vazio ou de culpa (isso pode se manifestar até nas redes sociais que a pessoa utiliza, com postagens de textos, imagens ou vídeos mais sombrios);
Perda de interesse em atividades que antes eram rotina (a pessoa deixa de ir à igreja, abandona a atividade física ou o hobby, etc.);
Falta de autocuidado ou mudanças na aparência (a pessoa deixa de fazer a barba ou cortar o cabelo, não toma mais banho todo dia, engorda ou emagrece, etc.);
Uso mais intenso de álcool, cigarro ou drogas;
Sinais de automutilação, como marcas de cortes ou queimaduras no corpo;
Falar com mais frequência sobre temas relacionados à morte, fazer testamento ou seguro de vida, começar a doar pertences;
No Brasil, ocorrem cerca de 12 mil suicídios por ano, ou 32 a cada dia, de acordo com levantamentos mais recentes divulgados pelo Ministério da Saúde. O número vem crescendo, segundo diversas pesquisas, especialmente em certos grupos mais vulneráveis.
O CVV (Centro de Valorização da Vida) sugere que, entre o desejo de acabar com a dor e a vontade de viver, existe a possibilidade de buscar ajuda e desenvolver condições internas de lidar com o sofrimento. É por isso que falar sobre as nossas emoções é fundamental.
Estima-se que 90% dos suicídios podem ser prevenidos. Por isso, é importante perder o medo e buscar ajuda. Muitas vezes, ter com quem falar, colocar o sofrimento para fora e poder contar com um “ombro amigo” fazem toda a diferença.
O Centro de Valorização da Vida oferece apoio emocional a todas as pessoas que precisam conversar, sob total sigilo, pelo telefone 188 (ligação gratuita), ou por e-mail, chat ou chamada via internet, todos os dias, 24 horas. Você também pode buscar auxílio profissional dos CAPS (Centros de Apoio Psicossocial - SUS) e nas Unidades Básicas de Saúde (Saúde da Família, Postos e Centros de Saúde).
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