Da Redação Publicado em 27/11/2020, às 15h07 - Atualizado às 15h41
Mães estão exaustas. Estudos têm mostrado que as mulheres foram desproporcionalmente afetadas pela pandemia, e de diversas maneiras. Muitas deixaram de contar com a ajuda de mães, amigas, vizinhas ou funcionárias nas tarefas de olhar os filhos ou limpar a casa. Outras tiveram que pedir as contas, negar trabalho ou fazer malabarismos para não abandonar o emprego e, ao mesmo tempo, ajudar as crianças nas aulas online.
Contar com o apoio das amigas ou de outras mulheres na mesma situação é o que tem mantido muitas dessas mães de pé. E ainda que elas já tenham se cansado das lives, as redes sociais continuam sendo um espaço para buscar dicas, pedir ajuda, trocar experiências, desabafar, ou simplesmente lembrar que não estão sozinhas.
Essa tem sido a missão do projeto Fatigatis, criado em 2018 pelas jornalistas Juliana Mariz e Lia Abbud, de São Paulo. A ideia surgiu a partir das rodas de conversa que a primeira, à frente de um grupo de mães empreendedoras chamado Co.Madre passou a promover. Queixas e lágrimas de cansaço e frustração eram frequentes nas reuniões. E, ao rodar livrarias em busca de insights, a dupla percebeu uma lacuna importante: há guias sobre como cuidar do bebê, como impor limites às crianças, organizar a casa, manter o casamento vivo etc. “Mas os livros não falam com as próprias mães – como ELAS estão?”, diz Juliana.
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Ao mesmo tempo em que colocou os eventos da dupla em suspenso, o isolamento social imposto pela Covid-19 trouxe à tona a urgência em se discutir soluções para a carga mental e o estresse a que mães têm sido submetidas há gerações. “A pandemia colocou isso em evidência, com uma lupa, mas elas já sabiam”, avisa Lia. Para algumas, o excesso de tarefas, a falta de reconhecimento e a autoanulação culminam no que especialistas chamam de burnout parental – um estado de esgotamento físico e emocional dessa mãe que tem graves consequências, inclusive para os filhos.
As criadoras do projeto contam que, nas rodas de conversa, havia mães que choravam por achar que não têm nem direito de reclamar, já que não são elas que trazem a maior parte do dinheiro para casa. Mas sustentar a família não diminui a responsabilidade de um pai em relação à educação dos filhos, certo? Então por que não dividir as tarefas e as preocupações? E como negociar essa divisão? Como se empoderar, para que sobre tempo para elas? Juliana e Lia sempre buscam ajuda de especialistas, como psicólogos, psiquiatras, cientistas sociais ou coaches, para fundamentar as mensagens e dicas práticas. Veja algumas delas:
– Faça um “check in” pessoal ao longo do dia: antes de começar suas atividades faça uma autoavaliação de como está se sentindo. Se quiser, escreva. Repita a prática várias vezes ao longo do dia. Ter conexão com suas emoções e sentimentos te ajuda a entender mais facilmente quais são suas necessidades do momento e, consequentemente, estabelecer limites.
– Seja mais direta na comunicação: mesmo sem falar em divisão de tarefas, a comunicação acontece. Um olhar acusatório, um “dar de ombros”, um choro sentido, uma resposta mais áspera e até mesmo sinais de indiferença são formas de transmitir recados. Mas nesses casos, pode haver descompasso entre o que se está tentando dizer e o que se entende na outra ponta. Conversas com uma abordagem direta, em que as solicitações são feitas claramente, costumam ser mais efetivas.
– Coloque no papel e divida: primeiro é preciso elencar todas as atividades (TODAS) da casa. Isso leva um tempo. Depois separe por cores a obrigação que cada um já faz para perceber o desequilíbrio. Divida as tarefas de acordo com o tempo e a habilidade de cada um buscando ser o mais justo possível. Inclua a “Coluna Ninguém” nesse sistema. Ou seja, uma área para onde vão aquelas tarefas que não precisam ser feitas com urgência, nem precisam estar nas nossas preocupações.
– Permita-se: lembre-se que é permitido chorar, pedir ajuda, fazer uma pausa, dormir mais, comer seu doce predileto, ouvir a sua playlist.
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