Ir ao médico costuma ser algo estressante para a maioria das pessoas. Mas a expectativa é ainda mais difícil para quem já foi vítima de racismo num consultório médico. Segundo um estudo realizado nos EUA, mais da metade dos adultos negros se preparam para sofrer algum tipo de insulto ao serem atendidos por profissionais de saúde.
O cenário é semelhante para cerca de metade dos adultos indígenas norte-americanos, nativos do Alasca e hispânicos; e também para 42% dos adultos asiáticos, de acordo com o relatório da KFF (antes chamada de Kaiser Family Foundation), uma organização sem fins lucrativos voltada para políticas de saúde.
A pesquisa mostra que esses pacientes procuram ser mais cuidadosos com a aparência ao ir ao médico por causa do receio de sofrer discriminação. Além disso, eles dizem ser comum que profissionais de saúde os culpem por seus problemas médicos, ignorem suas perguntas e se recusem a prescrever medicamentos para dor.
Além do tratamento injusto nos consultórios médicos, o estudo descobriu que pelo menos metade dos adultos indígenas norte-americanos, nativos do Alasca, negros e hispânicos afirmam ter experimentado pelo menos um tipo de discriminação na vida cotidiana pelo menos algumas vezes no último ano. Cerca de 4 em cada 10 adultos asiáticos relataram o mesmo.
Isso inclui experiências como receber serviços ruins em restaurantes e lojas, perceber alguém agindo como se estivesse com medo ou como se a pessoa não fosse inteligente, ser ameaçada ou assediada, ou sendo criticada por falar uma língua que não o inglês.
O gênero também desempenha um papel na discriminação, de acordo com os dados da KFF, sendo que homens negros são os mais propensos a dizer que as pessoas têm medo deles e as mulheres hispânicas mais propensas a dizer que são tratadas como se fossem pouco inteligentes.
Representantes da KFF afirmam que existe uma correlação direta entre discriminação e problemas de saúde. Pessoas que relatam ter experiências desse tipo na vida cotidiana são mais propensas a se sentirem ansiosas, solitárias e deprimidas.
A "Pesquisa sobre Racismo, Discriminação e Saúde" foi conduzida entre Junho e Agosto, com entrevistas online e por telefone feitas com cerca de 6.300 adultos.
Tatiana Pronin
Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY e é membro da Association of Health Care Journalists. Twitter: @tatianapronin