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Mais da metade das pessoas tem sintomas pós-Covid, sugere estudo

Muitas pessoas estão sob risco de sofrer com algum problema de saúde mental pós-Covid - iStock
Muitas pessoas estão sob risco de sofrer com algum problema de saúde mental pós-Covid - iStock

Redação Publicado em 13/10/2021, às 19h00

Mais da metade das 219 milhões de pessoas diagnosticadas com Covid-19 em todo o mundo desde dezembro de 2019 experimentará sintomas pós-Covid por até seis meses após a recuperação. A descoberta vem de um novo estudo da Universidade Penn State (Estados Unidos) publicado na Jama Network Open. 

De acordo com os pesquisadores, governos, organizações e profissionais de saúde devem estar preparados para o grande número de pessoas que precisarão de cuidados para uma variedade de sintomas psicológicos e físicos após serem infectadas pelo novo coronavírus. 

Análise de efeitos de curto e longo prazo

Ao serem contaminadas pela Covid-19, muitas pessoas experimentaram sintomas como cansaço, dificuldade para respirar, dor no peito e nas articulações, perda do olfato e/ou paladar. Entretanto, pouco se avaliou sobre a saúde desses pacientes após a sua recuperação. 

Assim, para entender melhor os efeitos de curto e longo prazo na saúde de quem teve Covid-19, os pesquisadores examinaram estudos mundiais envolvendo pacientes não vacinados que se recuperaram da doença.  

Foram utilizados 57 relatórios para a revisão que incluíam dados de 250.351 adultos e crianças não vacinadas com diagnóstico de Covid-19 de dezembro de 2019 a março de 2021. Entre os estudados, 79% estavam internados e a maioria (79%) vivia em países de alta renda. A idade mediana dos pacientes foi de 54 anos e a maioria (56%) era do sexo masculino.

A equipe analisou a saúde dos pacientes pós-Covid durante três intervalos em um mês (curto prazo), dois a cinco meses (prazo intermediário) e seis ou mais meses (longo prazo).

Confira:

Principais sintomas pós-Covid

De acordo com os achados, as pessoas podem ter vários problemas de saúde associados à Covid-19 por seis meses ou mais após a recuperação. Normalmente, essas complicações afetam o bem-estar, a mobilidade ou sistemas de órgãos. 

No geral, um em cada dois sobreviventes experimentou manifestações de longo prazo do coronavírus. As taxas permaneceram em grande parte constantes de um mês a seis ou mais meses após a doença inicial.

Os pesquisadores observaram várias tendências entre os pacientes, como:

  • Bem-estar geral: mais da metade dos pacientes relatou perda de peso, fadiga, febre ou dor;
  • Mobilidade: um em cada cinco experimentou uma diminuição na mobilidade;
  • Preocupações neurológicas: quase um em cada quatro sobreviventes teve dificuldade para se concentrar;
  • Transtornos de saúde mental: quase um em cada três pacientes foi diagnosticado com transtornos de ansiedade generalizados;
  • Anormalidades pulmonares: seis em cada dez tinham anormalidade por imagem torácica e mais de um quarto dos pacientes tinha dificuldade para respirar;
  • Problemas cardiovasculares: dor no peito e palpitações estavam entre as condições comumente relatadas;
  • Condições da pele: quase uma em cada cinco pessoas teve queda de cabelo ou erupções cutâneas;
  • Problemas digestivos: dor de estômago, falta de apetite, diarreia e vômitos estavam entre as condições comumente relatadas.

Sobrecarga para a saúde

Para os pesquisadores, as descobertas indicam que o fardo de uma "saúde ruim” entre os sobreviventes da Covid-19 pode ser esmagador para a sociedade, especialmente em relação aos transtornos mentais

Os mecanismos que levam o coronavírus a provocar sintomas persistentes não são totalmente compreendidos, podendo ser resultados de uma infecção, reinfecção ou aumento da produção de autoanticorpos (anticorpos direcionados aos seus próprios tecidos). 

Além disso, o vírus SARS-CoV-2 – o agente causador da Covid-19 – pode acessar, entrar e viver no sistema nervoso. Como resultado, o indivíduo pode apresentar distúrbios do paladar ou do olfato, comprometimento da memória, diminuição da atenção e da concentração.

De acordo com os autores, a intervenção precoce será fundamental para melhorar a qualidade de vida de muitos sobreviventes. Eles alertam que, nos próximos anos, os profissionais de saúde provavelmente verão um fluxo maior de pacientes com problemas psiquiátricos e cognitivos, como depressão, ansiedade ou transtorno de estresse pós-traumático.

Assim, todas essas condições de saúde em longo prazo acarretadas pela Covid-19 podem causar aumento da demanda por cuidados médicos e sobrecarregar os sistemas de saúde, particularmente em países de baixa e média renda. 

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