Quanto maior o uso de certas redes sociais, maior tende a ser o problema, mostra estudo
Tatiana Pronin Publicado em 29/09/2024, às 10h00
Um estudo realizado em seis países diferentes descobriu que a maioria dos jovens nas redes sociais está insatisfeita com seus corpos. Segundo os pesquisadores, da Universidade de Waterloo, no Canadá, os dados mostram que este é um problema global.
Ter uma imagem corporal negativa, ou insatisfação com o corpo, significa que a pessoa tem pensamentos e sentimentos negativos persistentes sobre o próprio corpo. A condição está associada a problemas de saúde psicológica e física, especialmente em jovens, de acordo com estudos semelhantes.
O estudo revelou que 55% dos adolescentes, de uma amostra de 21.277 jovens de 10 a 17 anos, expressaram insatisfação com seus corpos, sendo que esse índice aumentava com o maior tempo de uso de redes sociais. Os participantes eram provenientes de seis países: Austrália, Canadá, Chile, México, Reino Unido e Estados Unidos.
Aproximadamente 35% dos adolescentes relataram sentir-se "maiores do que o ideal" e 20% disseram que eram "mais magros do que o ideal". Os resultados foram publicados no Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics.
Os pesquisadores, da Escola de Ciências da Saúde Pública da universidade, usaram um desenho que representava oito imagens corporais com pesos crescentes para determinar o que seria percebido como o tipo corporal ideal. Os adolescentes foram convidados a escolher qual imagem parecia mais com o seu próprio corpo e qual parecia mais com o corpo que eles gostariam de ter.
Plataformas onde os usuários compartilham vídeos ou imagens de si mesmos ou de outros mostraram estar mais fortemente associadas à insatisfação corporal do que plataformas baseadas em texto, como o X (anteriormente conhecido como Twitter). O uso das redes sociais foi avaliado medindo o tempo gasto online e as plataformas utilizadas.
Segundo a autora principal do estudo, Karen Hock, dados sociodemográficos e formas de uso das redes sociais influenciaram os resultados. “Havia uma maior taxa de insatisfação entre os usuários do YouTube e Snapchat em comparação com os não usuários, e encontramos diferenças na insatisfação com base no país, idade, etnia e provocações relacionadas ao peso.”
A insatisfação com o próprio corpo foi prevalente em todos os países, particularmente no sentido de que os jovens se sentiam “maiores do que o ideal”.
Embora os estudos frequentemente foquem na insatisfação corporal feminina, a equipe de Hock descobriu que a insatisfação também era comum entre os homens. Aqueles que relataram insatisfação por serem mais magros do que acreditavam ser o ideal eram, em sua maioria, homens, e o oposto foi encontrado entre as mulheres.
Hock afirmou que mais pesquisas são necessárias, incluindo informações sobre jovens de minorias sexuais ou transgêneros, que também experimentam insatisfação corporal.
Apesar do recente aumento na promoção da positividade corporal na mídia, Hock diz que é preciso fazer mais para apoiar essas crianças que usam redes sociais e estão desenvolvendo uma relação prejudicial com a imagem corporal.
“Pesquisas anteriores constataram que os jovens sabem que usar redes sociais não faz bem para sua saúde mental, mas eles acham muito difícil parar”, disse Hock.
Pesquisas mostram que programas de educação digital podem ajudar a reduzir a insatisfação corporal e ensinar os adolescentes a entender que as imagens que veem nas redes sociais nem sempre são reais.
Hock também expressou a necessidade de mudanças nas políticas relacionadas aos algoritmos das redes sociais para impedir que os usuários sejam expostos a conteúdos que os façam sentir-se mal com sua aparência.
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