Brasil teve 24,7% menos diagnósticos de câncer de pele durante a pandemia

Dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) mostram que a população com mais de 60 anos foi a mais afetada

Redação Publicado em 07/12/2021, às 15h30

O câncer de pele não melanoma é o mais frequente no Brasil e corresponde a cerca de 30% dos tumores registrados - iStock

A pandemia de Covid-19 afetou o diagnóstico e o tratamento de várias condições de saúde, como o câncer de pele. Segundo dados divulgados pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), em 2020, foram feitos 17.227 diagnósticos a menos da doença em comparação a 2019, uma queda de 24,7% no número de casos. 

Em 2021, entre os primeiros meses do ano (janeiro a junho), foi observada uma retomada gradual dos atendimentos, mas, mesmo assim, os números ainda são menores do que os pré-pandêmicos. 

Em geral, esse cenário sinaliza  que milhares de casos de câncer de pele devem iniciar o tratamento com atraso ou ainda nem foram descobertos, impactando diretamente as chances de recuperação e de cura.

Vale lembrar que dezembro é marcado pela campanha “Dezembro laranja”, que tem como objetivo conscientizar a população sobre a importância da proteção solar, quais os sintomas que merecem ser investigados e alertar sobre os riscos do câncer de pele, que é o mais frequente no Brasil e corresponde a cerca de 30% de todos os tumores malignos registrados.

24,7% menos casos

De acordo com os especialistas da SBD, a redução do número de diagnósticos de câncer de pele em 2020 está relacionada com a Covid-19. Provavelmente, por medo da contaminação e por acreditarem que ambientes hospitalares poderiam oferecer um risco maior de contágio, muitos indivíduos postergaram exames e consultas. 

Além disso, milhares de serviços de saúde precisaram limitar os atendimentos ou, até mesmo, restringir o acesso de pacientes devido à pandemia.

Segundo as informações levantadas, em 2020 foram realizados 52.527 diagnósticos de melanoma maligno e outras neoplasias malignas da pele. Este número é 24,7% menor do que os 69.754 notificados em 2019. 

Os meses de abril e maio do ano passado, que sucederam o decreto de calamidade pública no país devido à Covid-19, apresentaram uma redução na detecção de novos casos de 51,7% e 57%, respectivamente. 

População 60+

Analisando os números de acordo com a faixa etária, a parcela da população mais prejudicada foi a das pessoas com mais de 60 anos. Os dados indicam que neste grupo, a diferença de casos absolutos foi de 11.906 na comparação entre 2020 e 2019. 

Apesar disso, é importante ressaltar que a maioria das faixas etárias teve um comportamento semelhante, com destaque para os de 0 a 19 anos (-30%); 30 a 34 anos (-28,8%); e 75 a 79 anos (-27,6%). Em relação ao sexo, a quantidade de diagnósticos caiu 26% entre mulheres e 23% entre os homens. 

Confira:

Os estados com maior redução no número de notificações de diagnóstico do câncer de pele foram: São Paulo (-4.115), Paraná (-2.838) e Rio Grande do Sul (-2.395). Em termos de porcentagem, o destaque vai para o Piauí, com queda de 46%, Mato Grosso (-43%) e Mato Grosso do Sul (-42%). 

Em 2021, os números (dados/índices) ainda não superaram os anteriores à chegada da pandemia, levando em conta especialmente os registros dos meses de abril, maio e julho. Comparando com 2019, eles ainda estão 24% menores em termos globais.

Internações e óbitos

Para entender melhor e identificar as consequências deixadas pela pandemia no atendimento aos pacientes com câncer de pele, a SBD também fez um levantamento do número de internações e óbitos.

De acordo com os dados, as internações hospitalares para tratamento de melanoma e outras neoplasias malignas sofreram uma queda de 26% na comparação entre 2020 e 2019. As 57.247 internações registradas em 2019 caíram para 42,3 mil no ano passado.

Já os indicadores de mortalidade não demonstraram uma alteração significativa nos períodos analisados. Mesmo com as quedas no total de diagnósticos de novos casos e internações, o número de mortes relacionadas à doença teve apenas uma oscilação de 2% para menos (4.481 vs. 4.594). 

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