Doutor Jairo
Leia » Saúde

Máscara também protege da Covid-19 porque gera umidade, segundo estudo

A umidade criada dentro da máscara pode ajudar a combater doenças respiratórias - iStock
A umidade criada dentro da máscara pode ajudar a combater doenças respiratórias - iStock

Redação Publicado em 12/02/2021, às 21h11

Pesquisadores afirmam que usar máscara não apenas evita que as pessoas espalhem ou entrem em contato com o coronavírus. A umidade criada dentro da máscara pode ajudar a combater doenças respiratórias, como a própria Covid-19.

A descoberta é de uma equipe dos Institutos Nacionais de Saúde, nos EUA. Segundo eles, as máscaras aumentam de maneira significativa a umidade do ar que o usuário inspira. Isso pode explicar porque pessoas que usam máscaras tendem a ter formas menos graves da doença, quando pegam Covid-19.

Nem todo mundo pode usar máscaras de alta qualidade, como os profissionais de saúde. Além disso, ninguém usa a proteção 100% do tempo. Assim, embora evite bastante o risco de contrair o vírus, isso pode acontecer. Existem evidências de que casos graves são menos comuns em indivíduos que usam a máscara de forma consistente.  

Princípio da hidratação 

A hidratação do trato respiratório é algo que beneficia o sistema imunológico – por isso existe a recomendação de se usar umidificadores de ar quando o clima está seco, por exemplo. Segundo os autores do trabalho, publicado no Biophysical Journal, usar máscara traria essa vantagem também. Os pesquisadores dizem que altos níveis de umidade atenuam a gravidade da gripe, e que isso pode ser aplicável à Covid-19

O mecanismo que justificaria essa proteção extra chama-se depuração mucociliar (MCC), ou seja, a umidade em níveis altos ajudaria a remover partículas do ar inalado, inclusive micro-organismos causadores de doenças, impedindo que cheguem aos pulmões.

A umidade alta também pode fortalecer o sistema imunológico com a produção de proteínas chamadas de interferons, que lutam contra os vírus. O ar seco prejudica tanto essa resposta quanto a depuração mucociliar – é por isso que as infecções respiratórias são mais frequentes no inverno.

Máscaras testadas

O estudo testou quatro tipos comuns de máscaras: uma N95, uma máscara cirúrgica descartável de três camadas, uma de algodão e poliéster com duas camadas e outra de algodão pesado. Os pesquisadores mediram o nível de umidade fazendo um voluntário respirar em uma caixa de aço lacrada.

Quando a pessoa não usava máscara, o vapor d'água do ar exalado enchia a caixa, levando a um rápido aumento da umidade dentro dela. Já com a proteção, a umidade dentro da caixa diminuía bastante, devido à maior parte do vapor d'água que permanece na máscara, condensando-se e sendo novamente inalado.

Para garantir que não houvesse vazamento, as máscaras foram bem ajustadas ao rosto do voluntário com espuma de borracha de alta densidade. As medições foram feitas em três diferentes temperaturas do ar, variando de 7 a 36 graus Celsius.

Os resultados mostraram que as quatro máscaras aumentaram o nível de umidade do ar inspirado, mas em graus variáveis. Em temperaturas mais baixas, os efeitos umidificantes de todas as máscaras aumentaram muito. Em todas as temperaturas, a máscara de algodão grosso levava ao nível de umidade mais elevado.

Vantagem adicional

"O aumento do nível de umidade é algo que a maioria dos usuários de máscaras provavelmente sentiu sem ser capaz de reconhecer e sem perceber que essa umidade pode realmente ser boa para eles", comenta Adriaan Bax, principal autor do estudo.

Os pesquisadores não observaram quais máscaras são mais eficazes contra a inalação ou transmissão do vírus. Estudos anteriores de Bax e seus colegas mostraram que qualquer máscara de pano pode ajudar a bloquear as milhares de gotículas de saliva que as pessoas liberam por meio da fala e que podem permanecer no ar por minutos.

De qualquer forma, o novo estudo oferece mais uma vantagem das máscaras no combate à Covid-19. Como os autores enfatizam, é uma forma simples, mas eficaz, de proteger as pessoas ao nosso redor e de infecções respiratórias, especialmente durante os meses de inverno, quando a suscetibilidade a esses vírus aumenta.