Redação Publicado em 24/04/2025, às 10h00
O matcha, um tipo de chá verde em pó utilizado na famosa “cerimônia do chá”, no Japão, tornou-se uma bebida popular também no Ocidente, pelo menos entre especialistas em nutrição e pessoas que buscam ter mais saúde.
Existem várias evidências de que o matcha traz diversos benefícios à saúde. Um estudo recente publicado no periódico PLOS ONE aponta, por exemplo, que o chá pode ajudar na prevenção da demência e melhorar a qualidade do sono de idosos.
O trabalho, realizado no Japão, durou mais de um ano e contou com 99 pessoas entre 60 e 85 anos de idade com declínio cognitivo subjetivo ou leve. A cognição é a habilidade de processar informações, prestar atenção, raciocinar, memorizar e tomar decisões.
Declínio cognitivo subjetivo se refere à percepção pessoal de piora na memória ou nas habilidades cognitivas, mesmo quando os testes não apontam alterações mensuráveis. Já o comprometimento cognitivo leve envolve uma queda detectável nos testes cognitivos, maior do que o esperado para a idade, mas não severa o suficiente para interferir significativamente na vida diária.
Diferente do chá verde comum, o matcha envolve o consumo da folha inteira em forma de pó, o que aumenta significativamente a ingestão de seus antioxidantes e de cafeína.
Seu cultivo também é único: os arbustos de chá são sombreados por cerca de 20 a 30 dias antes da colheita para aumentar os níveis de clorofila e estimular a produção de aminoácidos, dando ao matcha sua cor verde vibrante e sabor rico em umami.
Ao preparar o matcha, o pó é batido com água quente até formar uma bebida espumante, o que o diferencia de outros chás que normalmente são apenas infusionados.
Esse método tradicional de preparo é parte integral das cerimônias do chá japonesas, que enfatizam a atenção plena e o respeito através do seu caráter ritualístico.
Nutricionalmente, o matcha é rico em antioxidantes, especialmente catequinas, que acredita-se ajudarem a neutralizar radicais livres e contribuírem para a saúde geral.
O autor do estudo, Kazuhiko Uchida, do Instituto de Pesquisas Biomédicas de Tsukuba, e seus colegas buscaram examinar os efeitos de cápsulas de matcha na função cognitiva e na qualidade do sono de idosos com declínio cognitivo subjetivo ou leve.
As cápsulas de matcha são um suplemento alimentar que contém chá verde matcha em pó, oferecendo uma forma prática de consumir os antioxidantes e potenciais benefícios à saúde do matcha sem precisar preparar a bebida tradicional.
Os participantes foram distribuídos aleatoriamente em dois grupos. Um grupo tomou nove cápsulas de matcha por dia — o equivalente a 2 gramas de matcha, quantidade normalmente consumida em uma cerimônia do chá japonesa. O outro grupo recebeu cápsulas placebo, visualmente idênticas, mas contendo amido de milho.
Todos passaram por uma série de testes neurocognitivos no início do estudo, após 12 meses de uso das cápsulas e, novamente, seis meses após interromper o consumo. Eles também passaram por tomografias por emissão de pósitrons no início e no fim do período de 12 meses. Além disso, foram avaliados quanto à qualidade do sono e ao desempenho nas atividades do dia a dia.
Os resultados mostraram que a suplementação com matcha melhorou a percepção emocional — medida por testes que exigiam identificação de emoções faciais — e a qualidade do sono. No entanto, não foram observadas melhorias nas demais funções cognitivas nem nas habilidades de vida diária.
“O presente estudo sugere que o consumo regular de matcha pode melhorar a percepção emocional e a qualidade do sono em idosos com leve declínio cognitivo. Considerando a ampla disponibilidade e aceitação cultural do matcha, incorporá-lo à rotina diária pode ser uma estratégia simples e eficaz para promoção da saúde cognitiva e prevenção da demência,” concluíram os autores do estudo.
O estudo oferece uma nova perspectiva sobre os efeitos do matcha na função cognitiva de idosos. No entanto, vale destacar que o número de participantes foi relativamente pequeno e todos apresentavam níveis leves de declínio cognitivo. Os resultados podem ser diferentes em grupos maiores ou com perfis demográficos distintos.
A quantidade de cafeína presente no matcha é superior à do chá verde, mas inferior à encontrada no café. De qualquer forma, é bom evitar consumir a bebida à noite.
Para se ter uma ideia, saiba qual o conteúdo de cafeína presente em uma xícara com cerca de 250 ml:
- Chá verde: 23 a 49 mg
- Matcha: 38 a 89 mg
- Café: 100 a 120 mg
Uma meta-análise publicada no European Journal of Nutrition indica que as catequinas presentes no chá verde e no matcha podem ser úteis para reduzir a pressão arterial e o colesterol ruim (LDL). A rutina, outro bioflavonoide presente no matcha, também colabora com isso.
De um modo geral, os antioxidantes do matcha também têm efeito anti-inflamatório e ajudam a melhorar a sensibilidade à insulina, o que é importante para a regulação do açúcar no sangue e pode ser útil para quem precisa emagrecer.
Por último, o matcha (assim como o chá verde) é rico em L-teanina, que melhora a concentração sem causar a agitação típica da cafeína.
