Redação Publicado em 06/03/2025, às 10h00
Um estudo realizado durante a pandemia de Covid-19 que acaba de ser publicado mostra que muita gente consome álcool para tentar lidar melhor com a ansiedade. Mas fazer isso tende a trazer problemas.
O trabalho, publicado no Journal of American College Health, revela que o consumo de álcool para enfrentar sensações desagradáveis não é uma boa estratégia para quem tem sensibilidade à ansiedade, ou seja, medo de ficar ansioso. Para essas pessoas, o risco de desenvolver padrões problemáticos de consumo e sofrer consequências negativas por isso é maior.
A sensibilidade à ansiedade também foi associada a um maior consumo de álcool — intenso, mas não necessariamente do tipo problemático (capaz de interferir nos estudos ou no trabalho). Esse aumento foi atribuído principalmente ao estresse percebido e à motivação para beber por prazer ou para socialização.
“Ficamos surpresos ao descobrir que o estresse percebido não explicava a relação entre sensibilidade à ansiedade e consumo problemático de álcool”, diz a autora principal do estudo, Charlotte Corran, doutoranda da Universidade de Concordia, no Canadá.
Os pesquisadores sugerem que pessoas com alta sensibilidade à ansiedade têm maior risco de beber para enfrentar seus medos, independentemente do nível de estresse — uma descoberta que consideram inesperada.
Eles especulam que as circunstâncias únicas da pandemia podem ter confundido suas próprias expectativas e/ou que o nível de hipervigilância relacionado ao estresse entre pessoas com sensibilidade à ansiedade já era elevado.
“Esses achados confirmaram os caminhos arriscados para o consumo de álcool que já conhecíamos antes da pandemia e nos deram um panorama interessante do que estava acontecendo com pessoas com alta sensibilidade à ansiedade durante esse período”, afirma Corran.
O estudo utilizou dados coletados de 143 estudantes universitários entre maio de 2020 e abril de 2021. Os participantes responderam a questionários para medir sua sensibilidade à ansiedade e também o nível de estresse subjetivo.
Além disso, todos responderam perguntas sobre sues motivos para consumir álcool. Esse questionário incluiu cinco categorias:
Os participantes também registraram quantas doses consumiram em uma semana típica desde o início da pandemia e completaram um questionário para avaliar a frequência de comportamentos problemáticos relacionados ao álcool (como beber até perder a consciência, por exemplo) durante uma semana comum.
Para a autora, essas descobertas podem ajudar os especialistas em intervenções específicas, como diferentes tipos de psicoterapia, para que as pessoas busquem formas mais saudáveis de enfrentamento além do consumo de álcool.