Redação Publicado em 08/07/2021, às 10h23
Em entrevista recente concedida à revista norte-americana InStyle, Megan Fox falou sobre os ataques virtuais que o filho Noah, de 8 anos, vem recebendo. Segundo ela, os comentários são focados no fato de que a criança gosta de usar vestidos.
“São pessoas más, horríveis e cruéis”, comentou. “Não quero que ele leia essas merd*s porque ele já ouve das crianças da escola, elas ficam dizendo ‘meninos não usam vestidos’”.
Contudo, mesmo sabendo da situação complicada, Megan tenta incentivar o filho a usar o que quer, independente dos julgamentos: "Estou tentando ensiná-lo a ter confiança, não importa o que qualquer pessoa diga".
Ela também contou que Noah até chegou a parar de usar vestidos por um tempo, mas depois voltou com seu estilo usual: "Ele chegou em casa e eu fiquei tipo: 'O que aconteceu? Algum dos amigos da escola disse algo?'. E ele disse: 'Bom, todos os garotos riram quando eu entrei. Eu não ligo, eu amo vestidos'".
Os comportamentos descritos por Megan podem ser caracterizados como cyberbullying: quando uma pessoa ataca a outra repetidamente pela internet. E, segundo um novo estudo divulgado pela Universidade de Córdoba (Espanha), a comunicação familiar pode ter impacto na disseminação de fofocas na internet e no uso excessivo das mídias sociais – dois dos principais fatores de maior influência no cyberbullying:
https://www.revistacomunicar.com/index.php?contenido=detalles&numero=67&articulo=67-2021-05
Os resultados apontam que uma atmosfera de confiança entre os membros da família é um antídoto para esse tipo de comportamento, reduzindo o risco de os jovens fazerem uso problemático da internet e se envolverem excessivamente em “fofocas cibernéticas”.
De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), um em cada quatro casos de bullying ocorre no ambiente virtual. Para se ter uma ideia, o problema afeta pelo menos dois estudantes a cada sala de aula nas escolas espanholas. No Brasil, uma pesquisa da entidade mostrou que 37% dos estudantes já foram vítimas de cyberbullying.
Segundo os pesquisadores, quando há diálogo entre pais e filhos, esse contexto permite que os jovens falem espontaneamente, revelando suas próprias ideias, sentimentos e interesses, o que gera muitos efeitos positivos.
Um clima familiar afetuoso, caloroso e de convívio incentiva a criança a se expressar e revelar emoções, preocupações e problemas. Além disso, estabelecer esse vínculo de confiança favorece a capacidade de enfrentar muitos desafios que o comportamento cibernético implica.
Entretanto, é importante lembrar que esse ambiente não é construído através de um mecanismo de controle exercido pelos pais, e muito menos com uma abordagem disciplinar rígida.
A intenção é cultivar um clima de confiança e segurança para proteger os filhos dos riscos que os levam a se envolver em fenômenos como cyberbullying, uso excessivo da internet e a "ciberfofoca", provocados por situações sociais que podem ser problemáticas e, em alguns casos, acelerar o surgimento de outros problemas.
O estudo, publicado na revista Comunicar, foi realizado com uma grande amostra de alunos do ensino fundamental de escolas públicas e particulares da região de Andaluzia, na Espanha.
Conforme os pesquisadores, o início da adolescência (12 a 13 anos) corresponde a um período de evolução crítico. Por um lado, os estudantes correm mais risco e, por outro, é uma fase em que acontece a conexão mais acentuada entre as variáveis estudadas – passar muito tempo navegando nas redes sociais e se envolver em intrigas no ambiente virtual.
Dessa forma, para os autores, os pais sempre devem estar atentos à qualidade da comunicação com seus filhos e filhas, especialmente nessa faixa etária. É através do diálogo e da relação de confiança que eles podem prevenir que episódios específicos de cyberbullying e o uso excessivo das mídias sociais afetem seriamente esses jovens.
Veja também: