Meia esportiva de compressão. Devo ou não usar?

Elas são coloridas e têm tecido tecnológico, mas será que beneficiam quem malha?

Aline Lamaita* Publicado em 01/08/2022, às 10h00

Elas parecem um meião de futebol fashionista, e tem várias funções para judar sua circulação - iStock

Afinal, para que servem essas meias esportivas que estão entrando no mercado e virando objeto de desejo?

Coloridas, feitas de material tecnológico adequado para absorver o suor e não dar tanto calor, essas meias que parecem um meião de futebol fashionista têm várias funções que podem ajudar sua circulação e sua performance esportiva.

Mas se você acha que apenas os atletas devem usar, fique esperto: essa meia pode ser indicada para a grande maioria das pessoas, com diferentes objetivos. 

Desenvolvidas para atletas

Inicialmente, elas foram desenvolvidas para atletas de alta performance, com objetivo de melhorar tempo e tornar a recuperação mais rápida da musculatura, e gradualmente foi tomando conta das academias para atletas amadores e atletas de fim de semana; foi quando percebemos que ela é bem mais versátil do que parecia.

A meia elástica esportiva tem compressão graduada que pode variar de 15-23 mmHg até 20-30 mmHg, ou seja, tem compressões parecidas com aquelas meias medicinais que os vasculares gostam de prescrever para pacientes com varizes. Ela comprime a perna de forma graduada, apertando as veias profundas da perna, acelerando o fluxo de sangue, ajudando na drenagem, o que vai repercutir de várias formas.

Conheça suas utilidades

Assim como qualquer meia elástica, ela vai conter o inchaço, acelerar o fluxo sanguíneo, deixando sua perna mais leve. Mas quais são os objetivos da meia para o esporte? Aqui vão alguns:

Trabalhos científicos realizados sobre o assunto conseguiram demonstrar que realmente existe uma diminuição nos biomarcadores musculares durante e após a atividade física, mostrando que o uso da meia melhora a fadiga muscular e facilita a sua recuperação, mas concluir que isso aumenta a performance dos atletas permanece puramente especulativo.

Minha observação pessoal é de uma melhora significativa no conforto das pernas durante a atividade física, principalmente para grupos de pessoas que realmente exigem mais do exercício, procurando melhorar tempo e resistência.

Mas, mais do que os atletas, percebo um benefício tremendo para as pessoas que lutam para iniciar e manter a prática de atividade física, já que esses sim sofrem muito mais com o tempo de recuperação pós-treino e fadiga durante o exercício, já que ainda não tem um condicionamento adequado. A meia nesse caso passa a ser uma aliada para facilitar a aderência ao exercício.

Mas o uso da meia é obrigatório?

Para a população em geral não, ela é um facilitador com todas as vantagens que já citamos. Mas quando pensamos nas pessoas com problemas circulatórios de varizes, inchaço, que já tiveram trombose, aí sim a meia passa a ter indicação médica, pois além de melhorar a prática esportiva vai ter função ativa como tratamento da circulação.

Importante sempre ficar atento às especificações da meia, tirar medidas adequadas para que a meia tenha um ajuste perfeito na sua perna. Uma meia compressiva colocada de forma errada ou do tamanho errado pode garrotear a perna e piorar a circulação.

Para quem tem problemas circulatórios, é importante uma visita a um cirurgião vascular antes de comprar sua tão desejada meia, assim você poderá escolher um modelo adequado a sua condição, otimizando os resultados.

E depois disso tudo, é só colocar a meia para jogo, e logo perceber os resultados. Ela pode ser usada durante o esporte, na recuperação de um treino mais pesado e até no seu dia a dia, como no home office ou em viagens longas de avião, para prevenção de trombose, mas isso já e assunto para outro dia.

O que importa é que elas vieram para ficar, seja como tratamento médico, para pacientes com problemas de circulação, como auxílio para atingir objetivos específicos no treino, ou para as fashionistas de plantão que querem dar um colorido no visual esportivo.

*Aline Lamaita é cirurgiã vascular, membro da diretoria (comissão de marketing) da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV). Membro da Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia, do American College of Phlebology, e do American College of Lifestyle Medicine. É formada pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (2000) e hoje dedica a maior parte do seu tempo à Flebologia (estudo das veias). Possui título de especialista em Cirurgia Vascular pela Associação Médica Brasileira / Conselho Federal de Medicina. RQE 26557. Instagram: @alinelamaita.vascular

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