Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h24 - Atualizado às 23h56
O Twitter é um universo onde a maioria das pessoas é favorável ao uso da maconha, segundo pesquisadores da Faculdade de Medicina St. Louis, da Universidade de Washington. A equipe chegou à conclusão após analisar mais de 7 milhões de tweets sobre a droga enviados no período de um mês.
As mensagens pró-maconha somaram 77% do total, ou seja, foram quinze vezes mais frequentes que as contrárias à substância, de acordo com os pesquisadores. Já 18% dos tweets foram neutros.
Os autores de mensagens favoráveis à maconha tinham um total de mais de 50 milhões de seguidores no Twitter, cerca de 12 vezes mais que os autores de frases contrárias ao uso da droga.
O mês escolhido pela equipe foi janeiro de 2014. Os resultados foram publicados na edição on-line desta quinta-feira (22) do Journal of Adolescent Health.
Os autores dizem que a maioria dos remetentes e destinatários dos tweets eram menores de 25 anos, com a presença de muitos adolescentes. Essa faixa etária é a que apresenta maior risco de desenvolver problemas com o uso da maconha.
A professora de psiquiatria Patricia Cavazos-Rehg, principal autora, comenta que o dado é preocupante, já que o uso frequente da droga pode afetar estruturas do cérebro e interferir com a função cognitiva, o desenvolvimento emocional e o desempenho acadêmico dos jovens. Ela admite que muitos adolescentes deixam de usar maconha à medida que envelhecem, mas que não é possível prever quem fará isso.
Os tweets pró-maconha mais comuns tinham o objetivo de incentivar a legalização do uso e noticiar seus benefícios à saúde. Dez por cento dos tweets foram enviados por pessoas que diziam estar usando a droga no momento em que faziam a postagem.
Muita gente acredita que o uso da maconha é totalmente inofensivo, e as conversas nas mídias sociais tendem a reforçar essas opiniões. Isso faz com que a droga pareça socialmente aceitável, o que pode ter suas consequências a longo prazo, como observa a psiquiatra.