Estudo sugere que a legalização da maconha deve levar ao aumento do uso associado ao álcool
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h24 - Atualizado às 23h56
Metade dos jovens motoristas que morreram em acidentes de carro nos últimos anos em nove Estados norte-americanos estavam sob influência de álcool, maconha, ou de ambos.
Os dados foram coletados por pesquisadores da Escola Mailman de Saúde Púiblica da Universidade de Columbia, com o objetivo de verificar se mudanças de políticas sobre drogas – no caso, a legalização da maconha em certos Estados – podem ter influência sobre o uso de substâncias entre adolescentes e adultos jovens.
A pesquisadora Katherine Keyes e sua equipe analisaram 7.191 acidentes fatais envolvendo motoristas com idades entre 16 e 25 nos seguintes Estados: Califórnia, Connecticut, Havaí, Illinois, New Hampshire, Nova Jersey, Rhode Island, Washington e West Virginia. Esse locais costumam realizar testes toxicológicos com amostras de sangue dos motoristas acidentados. Mais da metade dos acidentes ocorridos entre 1999 e 2011 ocorreu na Califórnia.
A análise, publicada na revista Injury Epidemiology, indica que 50,3% dos jovens mortos apresentaram resultado positivo para álcool, maconha ou ambos. Desses, 36,8% estavam sob influência só de álcool, 5.9%, só de maconha, e 7,6%, das duas substâncias.
A equipe também avaliou se os padrões de uso de álcool e maconha foram alterados a partir dos 21 anos, idade a partir da qual é permitido beber, nos Estados Unidos. De fato, o consumo de bebida alcoólica aumentou 14% a partir dessa faixa etária, mas não houve alterações em relação ao uso exclusivo de maconha.
No entanto, os pesquisadores destacam que a associação de álcool e maconha tornou-se mais frequente entre jovens com 21 anos ou mais. Ou seja: a permissividade em relação à droga estimula seu uso em conjunto com a bebida, o que potencializa os efeitos de ambos.
Keyes observa que, dado o aumento da disponibilidade de maconha e a legalização em certos Estados norte-americanos, nunca foi tão importante investigar os efeitos de políticas sobre drogas no comportamento dos usuários e suas consequências, como acidentes de trânsito.
No futuro, essas estatísticas devem servir como referência para avaliar o impacto das mudanças que têm ocorrido nos EUA e até influenciar decisões de outros governos que estudam legalizar a maconha.