Um pequeno estudo indica que as redes sociais são capazes de modificar a personalidade das pessoas
Redação Publicado em 09/11/2018, às 18h22
Indivíduos narcisistas encontraram nas redes sociais o ambiente perfeito para exibir suas fotos, opiniões e reafirmar sua sensação de grandiosidade. Sobre isso não há qualquer dúvida. Mas será que as redes sociais são capazes de modificar a personalidade das pessoas, fazendo com que se tornem narcisistas por causa da exposição na internet? Um pequeno estudo indica que sim.
Pesquisadores da Universidade de Swansea, no Reino Unido, e de Milão, na Itália, decidiram acompanhar 74 pessoas com idades entre 18 e 34 anos, por quatro meses, e avaliar se houve mudanças na personalidade. Eles verificaram que a presença excessiva nas mídias sociais levou a um aumento médio de 25% nos traços de narcisismo ao longo do período.
Os participantes acompanhados utilizavam as principais mídias sociais. O Facebook era usado por 60% da amostra, 25% usavam o Instagram e 13%, o Twitter e o Snapchat. Mais de dois terços dos participantes utilizavam as plataformas principalmente para postar imagens. O tempo médio de uso dos participantes era de cerca de três horas ao dia para fins não relacionados ao trabalho. Mas alguns deles chegavam a acessar as mídias por até oito horas ao dia.
O narcisismo é uma característica da personalidade que envolve exibicionismo e crenças relacionadas a superioridade, como a ideia de que, por ser superior, a pessoa teria direito a alguns privilégios, ou a explorar os outros de alguma forma. Você provavelmente conhece algumas pessoas assim. Quando esses sintomas chegam a atrapalhar a vida do próprio indivíduo ou dos outros, dizemos que a pessoa tem um transtorno de personalidade narcisista.
Durante o estudo, os pesquisadores perceberam que muitos dos participantes passaram a ter uma pontuação condizente com o transtorno. Essa tendência foi associada não só ao uso excessivo das mídias sociais, como também a um número maior de postagens visuais.
Os indivíduos que preferiam mídias mais voltadas para texto, como o Twitter, não apresentaram tanta alteração. Mesmo assim, os pesquisadores notaram que, para esse grupo de usuários, quanto maior era o nível de narcisismo no início do estudo, maior era a frequência de posts verbais no final.
Os autores acreditam que a ausência de censura imediata e direta da internet deixa o espaço livre para o desenvolvimento dos traços narcisistas, algo que não aconteceria na vida real, com o contato face a face. As conclusões estão no periódico The Open Psychology Journal.
A pesquisa é pequena, mas não é a única a demonstrar os prejuízos das mídias sociais à saúde e ao bem-estar. Muitos médicos e psiquiatras inclusive têm recomendado aos pacientes que limitem o tempo de uso das plataformas. Pensar que até a personalidade de alguém pode se modificar com elas é assustador.