Redação Publicado em 11/08/2021, às 16h00
Na última terça-feira (10), o Ministério da Saúde lançou duas iniciativas que visam promover a alimentação saudável entre crianças e adolescentes e combater a obesidade infantil no país.
A “Estratégia Nacional de Prevenção de Atenção à Obesidade Infantil” é um projeto desenvolvido para disponibilizar recursos aos municípios para que possam desenvolver ações de combate e conscientização sobre a condição.
Em um primeiro momento, até mil prefeituras poderão aderir à estratégia e, para participar, cada uma precisará estar comprometida em implementar uma série de ações para discutir com a população a importância de ter hábitos saudáveis.
Há ainda o plano de formar equipes de saúde na Atenção Primária capacitadas para lidar com as crianças e adolescentes que convivem com a obesidade infantil, bem como realizar as recomendações adequadas para que a condição não se torne algo comum.
Juntamente com a estratégia nacional, o Ministério da Saúde divulgou a campanha “Prevenção e Atenção à Obesidade Infantil” de 2021, que tem como objetivo estimular o consumo de alimentos naturais e a redução da ingestão de produtos ultraprocessados.
Além disso, a ação também enfatiza a importância da prática de atividades físicas desde a infância – seja nas brincadeiras ou nos esportes – e alerta sobre a grande quantidade de tempo que crianças e adolescentes passam em frente às telas de celulares, computadores, tablets e televisões.
Vale lembrar que, segundo dados do Ministério da Saúde, atualmente no Brasil existem 6,4 milhões de crianças de até 10 anos com excesso de peso, além de 3,1 milhões na mesma faixa etária com um quadro de obesidade.
Em crianças de até cinco anos, o índice é de 15,9%, enquanto entre as idades de cinco e nove anos essa porcentagem sobe para 31,8%. Entre os adolescentes, são 11 milhões com excesso de peso e 4,1 milhões com obesidade, totalizando um índice de 31,9%.
Um estudo feito em cinco países, inclusive no Brasil, mostra que o isolamento social por causa da Covid-19 mexeu bastante com a alimentação de crianças e adolescentes de 10 a 19 anos.
O lado positivo do confinamento: 43% dos adolescentes consumiram vegetais todos os dias. Antes da pandemia, a proporção era de 35,2%. Além disso, 33,2% ingeriram pelo menos uma porção de fruta, sendo que antes da Covid-19 a média era de 25,5%.
Segundo as pesquisadoras, esses resultados não chegaram a causar surpresa, porque muita gente teve mais tempo de cozinhar em casa com o isolamento. Mas é bom lembrar que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda ao menos cinco porções de frutas e vegetais todos os dias.
Confira:
Outra boa notícia é que, segundo o levantamento, o consumo de fast food foi reduzido. Antes da quarentena, 44,6% ingeriam esse tipo de lanche menos de uma vez por semana. Com o confinamento, a proporção aumentou para 64%.
Por outro lado, a proporção de adolescentes que consumiam doces todos os dias passou de 14%, antes da pandemia para 20,7% no isolamento. A ingestão de fritura, como salgadinhos, também aumentou. Do total dos jovens entrevistados, 7,4% comiam esses alimentos quatro vezes por semana antes da pandemia e 2,1% todos os dias. No confinamento, os números passaram para 8,8% e 2,9%.
As pesquisadoras dizem que esses dados reforçam resultados anteriores que já sugeriam a influência do estresse e do tédio da quarentena nos padrões alimentares dos jovens. Lembrando que doce e gordura em excesso elevam o risco de obesidade, diabetes e doenças do coração.
Além da questão da alimentação, a chegada da pandemia também deixou crianças e adolescentes muito mais tempo em frente às telas, seja para estudar ou para o lazer. Nesse sentido, um estudo da Universidade de Toronto (Canadá) descobriu que o tempo de tela em excesso pode estar associado à obesidade.
De acordo com os achados, cada hora adicional gasta em todas as formas de tela – assistir televisão, vídeos no YouTube, videogames e mensagens de texto, por exemplo – estava associada a um maior Índice de Massa Corporal (IMC).
No início da pesquisa, 33,7% das crianças (entre 9 e 10 anos) analisadas eram consideradas obesas ou com sobrepeso. Um ano depois, esse percentual aumentou para 35,5% - e a proporção deve continuar crescendo até o final da adolescência e início da vida adulta.
Segundo a equipe, o uso de tela pode substituir o tempo gasto em atividade física. Além disso, ao ficarem na frente da televisão ou celular, por exemplo, as crianças ficam mais expostas à publicidade de alimentos e mais propensas a lanchar e comer demais enquanto estão distraídas com a tecnologia.
Além disso, os autores enfatizam a importância de investigar o impacto da tela no bem-estar dos jovens agora e no futuro, já que uma imagem corporal negativa e uma alimentação desequilibrada podem ser resultados da exposição às mídias sociais e a ideais corporais inatingíveis.
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